foto: Ronaldo Campos
Esse blog tem por objetivo discutir assuntos relacionados com os campos da filosofia e educação.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Entrevista com a médica e professora Elza Machado de Melo para a Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais Ano 2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG
Texto da da Revista Pedagógica
do Instituto de Educação de Minas Gerais
Ano
2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG
Entrevista
Elza
Machado de Melo destaca-se por uma trajetória profissional relevante para a
sociedade e uma formação identitária coerente como pesquisadora, professora e
cidadã. Professora do Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais, coordenadora do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz/DMPS/FM/UFMG e da
Rede Saúde e Paz, criadora e coordenadora do Mestrado Profissional de Promoção
de Saúde e Prevenção da Violência (FM/UFMG). É líder do Grupo de Estudos sobre
Saúde e Violência. Dentre os seus últimos trabalhos, destaca-se o “Projeto de Atenção Integral à Saúde da Mulher em Situação
de Violência” e o seminário “Para elas: por
elas, por eles, por nós”.
Nessa entrevista, realizada por Ronaldo Campos e Maria Inês
Pereira, a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais, Elza Machado de Melo destaca a importância de projetos que unem teoria
e prática, que buscam uma abordagem integral e que respeitem a diversidade
sociocultural. Além de demonstrar a importância do trabalho em rede, que envolve vários atores sociais.
RC: Inicialmente, gostaria que a senhora contasse
um pouco como foi o início da sua trajetória acadêmica-profissional.
EMM:
Sou professora da Faculdade de Medicina e iniciei a minha trajetória
acadêmico-profissional um ano depois de formada como professora no internato
rural. São trinta anos de muito trabalho, onde muita coisa aconteceu. As minhas
escolhas me conduziram ao lugar onde estou agora e tenho muito orgulho do meu
trabalho como médica, da minha formação acadêmica (mestrado e doutorado) e dos
projetos e pesquisas que coordeno aqui.
No
começo, encontrei muitas dificuldades para desenvolver projetos e programar
ações. Eu era uma médica clínica que trabalhava com o orgânico e com questões
próprias da saúde e da doença. Era uma jovem recém-formada de vinte e poucos
anos que contava apenas com a ajuda de alguns alunos do curso de medicina e
tinha que resolver o dilema de trazer algum nível de desenvolvimento para a
saúde de uma determinada cidade do interior do nosso país.
A
única certeza era a impossibilidade de trabalhar os problemas da área de
medicina preventiva e social como se fossem autônomos em relação ao contexto
social, político e ideológico do país e do mundo. Era preciso trabalhar com a
sociedade como um todo, com a população inteira. Nesse momento, essa tarefa
parecia impossível e durante muito tempo me senti impotente diante da grande
complexidade da realidade. Apesar de tudo isso, tinha a convicção de era
possível levar o conhecimento que foi adquirido aqui na universidade para
regiões carentes do nosso estado. E assim iniciávamos os projetos.
RC: No inicio, quais foram as dificuldades para
implementar projetos e ações? E como esse impasses foram resolvidos?
EMM:
No Brasil, em grande parte das vezes, não há uma continuidade
político-administrativa. O que é começado em um mandato pode ser interrompido
imediatamente no mandato seguinte. E, assim, durante um bom tempo, começávamos
um projeto e logo em seguida “ele se desmanchava”. Para em seguida começar
novamente outro projeto que por sua vez também poderia ser “desmanchado”. E
nesse começar e recomeçar quase que contínuo, compreendi que era preciso fazer
algo imediatamente.
Percebi
que era preciso encontrar mecanismos que não deixasse e que não permitissem que
os progressos obtidos pelos nossos projetos fossem desperdiçados sempre que
ocorresse a substituição do partido político dominante, a posse de um novo
prefeito, a mudança do secretário de saúde do município ou a substituição dos
profissionais da área de saúde. Era preciso criar alguma base, uma raiz, um
vinculo, uma durabilidade para aqueles projetos.
RC: Que elemento é esse?
EMM:
Esse elemento pode ser sintetizado da seguinte forma: qualquer projeto só pode
ter durabilidade se for um projeto que pertença a todos os sujeitos envolvidos
nele. Por isto é tão importante estabelecer parcerias, onde, os participantes
são sujeitos reconhecidos e portadores de competências, de vontades e, assim,
capazes de construir um mundo, de manter viva a possibilidade de um
conhecimento progressivo, cada vez mais racional, cada vez mais avançado do
ponto de vista do desenvolvimento humano. Portanto, é possível elaborar e
implantar projetos efetivos e duradouros que tenham como base o agir coletivo,
respeitoso, que preserva comemora as pessoas. E essa ação já contém em si mesma
a possibilidade de superação da violência.
RC: E como foi constituída a fundamentação teórica
dessa prática?
EEM:
De fato foi a prática que me sinalizou um caminho a percorrer. Mas, faltava
definir de modo claro e preciso uma fundamentação sólida para a minha práxis. Por isto resolvi investir na
minha formação acadêmica.
Fiz
o mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Escolhi essa área exatamente por que ela abre um campo de possibilidades para
pensar os fenômenos sociais de forma ampla e integral. A fundamentação teórica
para discutir desafios – como, por exemplo, o da superação da violência – foi
encontrada nas ideias do filósofo Jurgen Habermas (a “Teoria da Ação Comunicativa”), cuja base é
o entendimento linguístico ou pacto racional entre sujeitos (ou o procedimento
racional de aquisição desse acordo) mediado pela linguagem no seu uso
comunicativo cotidiano (a fala). O foco principal aqui é basicamente a força
das razões apresentadas (o argumento), e, neste sentido, não envolve nem um
outro tipo de coerção. O que é estabelecido nessa relação é uma ação
intersubjetiva, onde, todas as pessoas envolvidas se reconhecem reciprocamente
como sujeitos. Em suma, o filosofo trabalha exatamente com as
interações do cotidiano (na práxis comunicativa do cotidiano) de sujeitos que
usam a linguagem na perspectiva de se entenderem e de construírem um mundo.
Em
resumo, a
teoria da ação comunicativa de Habermas é o fundamento teórico da minha
prática. As ideias habermasianas ofereceram um subsidio tão radical, pois o filosofo trabalha exatamente as interações na práxis
comunicativa do cotidiano de sujeitos que usam a linguagem na perspectiva de se
entenderem e de construírem um mundo.
A
premissa do meu trabalho e dos nossos projetos é essencialmente prática. É
nascida no cotidiano, na minha interação com as outras pessoas. A teoria veio
como uma resposta para uma pergunta que eu já buscava e que já havia sido posta
pela minha prática.
RC: A sua atuação na Faculdade de Medicina se
destaca em vários campos. Certamente, os projetos que a senhora coordena têm
uma grande visibilidade e importância social. Como ocorreu a gênese desses
projetos? E quais foram os desdobramentos desses projetos?
EEM:
Não adianta fazer lindos projetos de cima para baixo. Ou é feito de maneira
participativa ou então não vai acontecer. Nessa perspectiva, nasceram os
projetos “Pirapora Adolescente”, “Meninos do rio”, “Frutos do morro”, “Núcleo
de promoção de saúde e paz”. Este núcleo é fruto da história de vários projetos
interligados que foram se articulando, somando. Entendendo que quanto mais a
gente se agrupava, maior era a nossa capacidade de enfrentar os problemas e
atuar do jeito que queriamos com os objetivos que estabelecemos.
Os
projetos nasceram da experiência e da participação dos seus próprios
integrantes. Por exemplo, no caso da Maria Inês Pereira, ele chegou até nós e
disse: “ – eu não estou representando um
projeto. Eu sou uma professora que está começando uma experiência numa escola e
quero saber se me cabe aqui.” E eu disse sim. E ela apresentou a sua experiência.
Simultaneamente, outras pessoas foram convidadas. E essas pessoas foram
trazendo outras. Ficamos um ano, numa espécie de grande seminário, assistindo
as apresentações de tantas experiências. E estas foram discutidas, analisadas e
sistematizadas. E desta sistematização nasceu uma primeira matriz curricular
que a universidade aprovou como um curso de aperfeiçoamento. Deste curso de
aperfeiçoamento com aquela experiência nós formamos três turmas.
RC: Para os projetos desenvolvidos, qual é a importância
de ter uma equipe formada por pessoas com formação e experiência de vida tão
ampla e diversificada?
EEM:
Nós nos beneficiamos com o conhecimento que cada um dos professores trouxe.
Pois, foi possível transformar todos esses saberes pulverizados em saberes
interelacionados e que dialogam com outros e com a própria realidade na qual
estamos inseridos. Gerando um saber coletivo e que por sua vez gerou também uma
matriz curricular de um curso de pós-graduação latu senso da universidade
federal.
RC: O que a senhora sentiu quando o curso de
pós-graduação latu senso nascido de todo esse processo foi aprovado pela
Universidade Federal de Minas Gerais?
EEM:
Quando esse curso foi aprovado, eu me sentia a pessoa mais feliz que você possa
imaginar. Porque a universidade que tem o papel de gerar as matrizes do
conhecimento, as formas de transmissão do ensino reconheceu algo que nasceu da
experiência das pessoas na sua vida, nos seus lugares de trabalho, nas suas
cidades, nos seus bairros. Isto é muito
simbólico no sentido de que é possível trabalhar nessa perspectiva
participativa. Para o mestrado profissional foi um pulo. Hoje temos muitos
projetos (alguns com alcance nacional e de grande porte) e sessenta mestrandos.
Tudo e todos nascidos da convicção de que se a gente unificar, somos capazes de
vencer atritos, conflitos e vaidades egoístas e individualistas.
Uma história de muitas histórias: A presença feminina nas artes e na educação em Belo Horizonte
Ano
2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG
Uma história de muitas histórias: A
presença feminina nas artes e na educação em Belo Horizonte
Texto e Pesquisa: Ronaldo Campos
Introdução
Nós somos finitos e marcados pela temporalidade. Sofremos
uma espécie de condenação imposta pelo tempo que “como um inseto perseverante
devora mecânica e inexoravelmente toda vida, realizando assim sua obra de
decomposição” (CANDAU, 2011, p. 15) O que nos permite parar (ou pelo menos
diminuir) as ações e os efeitos do fluxo do tempo sobre nós é a memória. Graças
a ela o passado não está definitivamente inacessível ou perdido, porque é
possível revivê-lo através da rememoração do que se passou. A
memória atua sobre o tempo. Permitindo atribuir um novo significado ao sentido
existencial, atualizando os conteúdos experimentados. A memória costura, tece o
passado no presente, compondo tramas e enlaçando-se em novas possibilidades
existenciais.
Não nos lembramos das memórias que não têm significado
para nós. Pois, de acordo com Candau (2011), a memória ao mesmo
tempo em que nos modela, é também modelada por nós. Memória e identidade se
relacionam dialeticamente. Ambas se apoiam uma na outra com o intuito de gerar
uma trajetória de vida, uma história, um mito ou uma narrativa. É um trabalho
de reapropriação e negociação para que o nosso passado não se perca no
esquecimento. Sem as lembranças e destituído da memória, o sujeito é
aniquilado. Busca-se combater o medo do esquecimento a partir de estratégias de
rememoração pública e privada. As biografias enquadram-se como uma delas.
O gênero biográfico é uma forma importante dentro dos estudos
históricos. Pesquisar a vida de um determinado indivíduo abre um campo de
possibilidades para se compreender a época em que essa pessoa viveu. Através da
biografia é possível entender que todos nós nos organizamos em grupos que
partilham certa sensibilidade diante das questões da época em que vivemos e da
sociedade em que nos inserimos, por meio das trocas culturais, articulações e
contatos. Escrever a biografia de uma determinada pessoa implica “arrastar”
através da história , “como se fosse um imã em uma limalha. Implica situá-lo
nos campos possíveis onde o indivíduo se move e se constitui. Implica também
falar de uma série de assuntos que, de forma direta ou tangencial, refletem a
sua trajetória.” (NASCIMENTO, 2009, p.146)
Quando reconstituímos as narrativas de vida, ainda que o foco
esteja em assuntos particulares da trajetória de um individuo, requer uma
mobilização da multiplicidade dos seus pertencimentos. A memória individual
compõe a nossa memória
social. E o ato de lembrar em conjunto, compartilhando a memória, é uma
atividade que constrói pontes de relacionamento entre pessoas, associadas a uma
bagagem cultural comum.
O
Instituto de Educação de Minas Gerais (antiga Escola Normal Modelo) representa
um lugar da memória da nossa cidade, da escola, da educação brasileira, da
trajetória de professores, alunos e funcionários que passaram pelas suas salas
de aulas e demais espaços. Contudo, com o passar dos anos, muitas dessas
narrativas de memórias se perderam, uma vez que para as lembranças permanecerem
vivas é necessário que sejam relembradas e revividas no presente.
Essas
lacunas produzidas pelo tempo e pelo esquecimento podem ser preenchidas. Por
que a partir do ato de (re)velar o esquecido, o passado pode ser recuperado e
reconstruído com novas significações. A nossa realidade presente pode ser
reconstruída com as centelhas do passado. Assim, a trajetória de grandes personalidades
que foram responsáveis por momentos memoráveis da nossa história e que se
encontram apagados, pode mais uma retomar o seu lugar no mundo. Redescobriremos
a história de Jeanne Louise Milde, Helena Antipoff, Elza de Moura, Lúcia
Casasanta e Alaíde Lisboa. E, por fim, perceberemos que a história delas é (a
seu modo) a nossa história também..
Jeanne Louise Milde
Jeanne Louise Milde (Reprodução\Foto: Museu Mineiro)
Jeanne Louise Milde foi uma mulher a frente do seu tempo.
Rompeu barreiras e abriu caminhos que mais tarde seriam seguidos por milhares
de mulheres ao redor do mundo. A sua história tem início, em Bruxelas
(Bélgica). Filha de Josse Milde e Mathilde Cammaerts Milde. Nasceu em 15 de
julho de 1900. Estudou belas artes na Real Academia de Bruxelas, onde recebeu
uma sólida e bem fundamentada formação acadêmica. Vivenciou e experenciou a
grande revolução cultural que ocorreu nas primeiras décadas do século XX.
Apesar de não estar diretamente ligada a nenhum movimento de vanguarda nas
artes, assistiu (e a seu modo também atuou) a grande transformação ocorrida no
campo das artes, da cultura e da sociedade.
Ser mulher e artista no início do século XX não era uma
tarefa simples ou fácil. Enfrentou a oposição da sua família e da sociedade
belga da sua época. A sua mãe não queria que estudasse e, provavelmente, se o
seu pai soubesse, ele não teria permitido. Por isto, no início, frequentou a
escola sem que soubessem. Em 24 de setembro de 1918, foi “a única mulher a ser
aceita pela Escola de Belas Artes, a ser aluna com os jovens. E os jovens (...)
criticavam muito (...) diziam essa mulher pequena se julga ser algum dia
escultor (...)” (RODRIGUES, 2003, p.32) Com muito talento, dedicação e trabalho,
conseguiu vencer as adversidades e ser aceita como artista num mundo
majoritariamente masculino. Foi uma aluna dedicada e brilhante. Na Academia, se
destacou e recebeu prêmios importantes.
Apesar do futuro promissor que se delineava em sua terra natal,
Jeanne Milde muda radicalmente o seu destino ao aceitar em 1929 o convite de
Alberto Alvares, enviado do governo mineiro, para compor a Missão Pedagógica
Europeia que tinha por objetivo implementar a reforma do ensino em Minas
Gerais. Com o professor Omer Buyse, veio para capital mineira para participar
da implantação da Universidade do Trabalho. Nesta seria criada a Escola de
Belas Artes, cuja direção ficaria sob a sua responsabilidade. Mas, com a
eclosão da Revolução de 30, foram interrompidos esses projetos e a Missão foi
desarticulada. Entretanto, Jeanne Milde permaneceu no país.
Apesar do projeto de criação da Universidade do Trabalho e da
Escola de Artes ter sido abortado precocemente, Milde conseguiu conquistar um
espaço significativo no panorama cultural-pedagógico da capital mineira.
Tornou-se professora de modelagem e desenho na Escola de Aperfeiçoamento, na
qual preparou professoras para ministrar a disciplina de trabalhos manuais, que
inclui modelagem e pintura no currículo. Trabalhou também no Curso de
Administração Escolar (do Instituto de Educação), na Escola de Polícia Rafael
Magalhães, na Fazenda do Rosário e realizou muitos trabalhos em hospitais,
junto a médicos e enfermeiros.
Algumas de suas ideias e da sua prática foram consideradas
muito avançadas para a época. De acordo com o depoimento da ex-aluna Elza de
Moura, apresentado no site da Enciclopédia
Itaú Cultural de Artes Visuais: houve uma ocasião, um episódio desagradável
com a Milde porque a direção da Escola de Aperfeiçoamento se insurgiu contra as
projeções de nus artísticos, nas aulas. Mas Mademoiselle Reagiu à altura e os
nus continuaram a ser projetados. Milde, antes de tudo era uma artista europeia
e não se curvou ao ambiente mesquinho da época e a tradicional família mineira
não perdia tempo, mas perdeu dessa vez. Durante as palestras com essas
projeções, Mademoiselle as enriquecia fazendo comentários esclarecedores,
diminuindo o pouco conhecimento das alunas com relação a história das artes.
Elza Moura nos diz que o seu terceiro encontro com Mademoiselle. Milde foi como
colegas, Moura, com as atividades de teatro de bonecos e a Milde com suas
atividades específicas, usando material do ambiente para o enriquecimento de
professoras alunas de zona rural, curso organizado pela professora Helena
Antipoff. Mademoiselle Milde deu uma valiosa contribuição nesses cursos para
professoras rurais, ampliando-lhes o horizonte estreito do meio em que viviam.
Assim, de acordo com Elza Moura, esses cursos foram notáveis. E possibilitaram
que essas professoras leigas de zona rural voltassem para seus municípios com
outra visão do ensino da vida.
Jeanne Milde foi responsável por introduzir na educação
mineira uma aprendizagem que unia teoria e a prática, onde, simultaneamente, se
trabalhava com uma abordagem erudita da arte e uma arte mais aplicada (onde
eram trabalhados elementos inerentes à realidade das Minas Gerais). Ao
enfatizar os aspectos criativos, possibilitava a implantação de um ensino mais
livre e formativo. Foi responsável, incialmente, na Escola de Aperfeiçoamento
e, em seguida, no Instituto de Educação, de uma oficina de criação, onde as
alunas tinha a sua disposição uma série de técnicas artísticas e expressivas.
No fim de cada ano, as obras produzidas eram apresentadas numa grande exposição
que sempre recebeu da mídia local um grande destaque.
Educadora
e escultura, a sua atuação foi além da regência de sala de aula. Pensava a
educação como um todo. Preocupava-se com todos os aspectos materiais e
imateriais de uma escola. Por exemplo, ao perceber a inadequação do mobiliário
escolar da época, projetou e construiu com recursos limitados em sua própria
casa vários móveis utilitários e funcionais que atendiam às necessidades dos
alunos da pré-escolar.
Jeanne Milde é considerada uma das precursoras do modernismo
em Minas Gerais. Ajudou a criar espaços que permitiram encontros e incentivo às
artes na capital mineira. Produziu esculturas para parques, órgãos públicos,
praças, cemitérios e jardins residenciais. Desde o momento da sua chegada em
Belo Horizonte, manteve aberto e acessível à comunidade, no Grande Hotel (que
se localizava onde hoje temos o edifício Maleta) um ateliê de escultura. Em
1930, cria dois baixos-relevos decorativos para o prédio da Escola Normal
Modelo, atual Instituto de Educação, em Belo Horizonte.
Concebia arte como sendo um instrumento para mobilizar a
capacidade criativa que une imaginação e inteligência. “Trabalhava com sua
arte, aplicando-a à realidade de uma nova sociedade que se pretendia construir
tendo como um dos pilares a educação. A cadeira de artes objetivava o
aprimoramento do espírito e da criatividade, mas voltava-se para a prática
escolar.” (RODRIGUES, 2003, p.57) O trabalho ultrapassa as questões
pedagógicas, abrangendo também as atividades artístico-socais e culturais da
arte em Minas Gerais. Foi uma presença fundamental que legitimou salões e
exposições de arte em Belo Horizonte. Pois, possuía um solido conhecimento
acerca da história da arte e uma visão crítica em relação às mudanças nos
movimentos da arte moderna-contemporânea.
No hall de entrada
do Instituto de Educação de Minas Gerais, há um amplo e belo salão ornamentado
com elementos arquitetônicos neo-clássicos. Ao lado das escadarias que conduzem
a parte superior do edifício, destacam-se os baixos-relevos decorativos de autoria
da professora e artista belga Jeanne Louise Milde. Os painéis representam o
ensino das artes e das ciências.
De modo geral, podemos caracterizar a obra de Mademoiselle
Milde, a partir de uma temática refinada e vigorosa. Dotada de grande
inspiração e liberdade de elaboração, com senso de harmonia e elegância que revela
uma escultura pura, sensível e sensual. Pode-se perceber elementos
influenciados pela art-déco e pelo expressionismo. A sua obra combina
uma extraordinária percepção clássica formal com a leveza dos volumes e
movimentos, o que confere uma magnifica longilineidade às suas peças. Milde se
especializou nas figuras e mitos femininos, para onde são transpostos
sensações, emoções e expressão próprias à mulher, transcendendo-se
espiritualmente em seu trabalho
No caso específico dos painéis em baixo relevo do IEMG é uma
alegoria intelectualmente refinada. Milde retratou (na forma de dois grupos de
cinco mulheres) o sentimento de amor e dedicação dos alunos às artes, às
ciências e à cultura. Cada uma das figuras femininas
representadas tem a posse (e, por consequência, o domínio) de um elemento
associado ao conhecimento. E todas estão iluminadas pela luz do sol
(conhecimento). No painel do ensino das artes, a
primeira jovem segura um martelo; a segunda, um formão; na parte central, o
sol; a quarta mulher segura um livro; e a quinta uma paleta de pintor. No
outro, na representação das ciências, há também um grupo de cinco mulheres: a
primeira segura um galho de café; a segunda, um globo; na parte central, o sol,
a quarta jovem segura um livro; e a última um compasso e um esquadro.
É uma obra que deve ser apreendida a partir do seu
simbolismo, por que a artista se utilizou de uma linguagem cifrada e com muitas
alegorias. Objetos facilmente reconhecíveis como um martelo, um livro ou o sol
não representam apenas eles mesmos. São conceitos (ideias) de significado mais
profundo ou abstrato. Assim, o martelo é o símbolo da razão
orientando a vontade. É o símbolo da inteligência criativa. O sol é a glória, a
espiritualidade, a iluminação e o conhecimento. Representa a vitalidade, a
paixão, coragem e juventude eternamente renovada. O livro é um emblema auto
evidente da sabedoria, ciência e erudição. O globo representa a primeira
matéria (alquimia).
Ao
associar a figura da mulher ao conhecimento, a artista belga nos mostra uma
representação de mundo que rompe com a imagem tradicional da mulher e propõe
uma nova representação do feminino. Ou seja, a mulher deixa de ser uma pessoa
destinada à procriação, ao lar, para agradar o outro.
A
figura feminina aqui não está associada nem a maternidade (representando os
papeis de mãe e esposa) nem ao erotismo (representando a mulher como objeto de
desejo do homem). E passa a ser sujeito do conhecimento. Nesse sentido, essa
obra tem um caráter revolucionário e mostra a artista belga como uma mulher a
frente do seu tempo. Pelo contrário, é uma imagem que simboliza a conquista dos
direitos à educação e à profissionalização. A obra de Milde nos traz uma nova
mulher inserida em uma sociedade em transformação. A mulher passa a ter uma
identidade própria, com desejos e angústias que são próprios da condição
humana.
Os
dois painéis decorativos foram feitos por uma mulher especialmente para a
Escola Normal Modelo. Certamente, porque era naquela época um dos raros espaços
na capital mineira em que as mulheres poderiam desenvolver os seus talentos, as
suas individualidades. Nos dias de hoje, essa bela obra ganha um novo
significado. Passa a representar o lugar privilegiado que as mulheres conquistaram
na nossa sociedade.
Helena
Antipoff
Helena Antipoff
na (Foto: reprodução)
A
psicóloga e educadora Helena Antipoff nasceu em 1892, na cidade de Grodno,
Russia. Filha de Sofia Constantinovna e de Wladimir Vassilevitch Antipoff. Em
virtude da carreira do seu pai (um militar de alta patente) e pela origem
materna aristocrática, viveu parte da infância na cidade de São Petersburgo e
recebeu uma educação internacional. Com a separação dos pais, em 1909, foi
viver com a mãe e os irmãos em Paris (França). Estudou na Sorbonne e no Collège
de France. Formou-se em psicologia. Trabalhou no Instituto de Ciências da
Educação e no Instituto Jean Jacques Rousseau em Genebra.
Em
1916, Helena Antipoff retornou a Rússia, na época da ocupação alemã, para
reencontrar o seu pai que havia sido ferido durante a Primeira Grande Guerra.
Assistiu os fatos históricos da Revolução Russa. Trabalhou em estações
médico-pedagógicas em Viatka e em São Petersburgo com adolescentes abandonados,
sem teto e sem rumo (na época, eles eram denominados como jovens delinquentes).
Em 1921, atuou como colaboradora científica no Laboratório de Psicologia
Experimental de São Petersburgo, fundado por Netschaieff.
Casou-se
com Viktor Iretsky, jornalista e escritor russo, que foi perseguido e preso em
decorrência das suas ideias literárias, consideradas nocivas à sociedade
soviética. Essa situação levou o casal a se exilar em Berlim, na Alemanha. Como
não oportunidades de trabalho para Helena Antipoff em território alemão, ela
retornou a Suíça. E lá trabalhou no Laboratório de Psicologia da Universidade
de Genebra como assistente de Édouard Claparède e como professora de Psicologia
da Criança na Escola de Ciências da Educação no Instituto Jean Jacques
Rousseau. Foi colaboradora de Claparède na pesquisa sobre os processos de
pensamento inteligente. Nessa época, recebeu o convite do governo de Minas
Gerais para lecionar na Escola de Aperfeiçoamento. Inicialmente, recusou o
convite. Mas, em 1929, aceitou assinar o contrato por dois anos para lecionar
psicologia na Escola de Aperfeiçoamento de professores de Minas Gerais. Ficou
responsável pela disciplina de psicologia, a coordenação do Laboratório de
Psicologia e assessoria do sistema de ensino na aplicação de testes de
inteligência.
Na
Escola de Aperfeiçoamento, recria o ambiente de integração entre teoria e
prática experimentando nos seus trabalhos no Laboratório de Psicologia da
Universidade de Genebra. Os trabalhos desenvolvidos nessa época subsidiaram e
originaram o extenso programa de pesquisa sobre o desenvolvimento mental,
ideais e interesses das crianças de Minas Gerais. Helena Antipoff buscou
comprometer as suas alunas no processo de construção de uma pedagogia
científica, com o objetivo de prepara-las para conhecer as crianças através de
novas teorias e novas metodologias desenvolvidas pela psicologia.
Em
1932, um grupo de médicos, educadores e religiosos, sob a presidência de Helena
Antipoff, criou a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Esta instituição
tinha vários objetivos. Certamente, o primeiro era o de cuidar das crianças
excepcionais e assessorar as professoras de “classes especiais” dos grupos
escolares. Além de atuar sobre diversos focos de exclusão social (provocados
pela miséria, abandono e por questões de deficiência mental no sentido
estrito). “Em todos os casos, tratava-se de procurar resguardar os direitos das
crianças em situação de risco social. O consultório médico-pedagógico para
crianças deficientes ou problemáticas instalado pela Sociedade em 1934 passou a
atender regularmente essas ‘crianças-problema’, e tornou-se o embrião do futuro
do Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, posteriormente transformado em
instituição pública, financiada pelo governo do Estado de Minas Gerais.” (CAMPOS,
2002, p.26) Em 1940, a Sociedade Pestalozzi instalou no município de Ibirité
(Minas Gerais) sob a denominação de Escola da Fazenda do Rosário. O objetivo
dessa instituição era educar e reeducar crianças abandonadas ou excepcionais.
Aplicava-se os métodos da Escola Ativa, centrados na atividade espontânea da
criança. Foi a partir dessa época que Helena Antipoff produziu um extensa e
importante obra educativa (educação especial, educação rural, criatividade,
superdotação) que influenciou a formação de muitas gerações de psicólogos e
professores. Nessa mesma época, tornou-se professora fundadora da cadeira de
Psicologia Educacional na Universidade Minas Gerais (atual UFMG), lecionando na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras as disciplinas de didática e
psicologia.
As
ações pedagógicas de Helena Antipoff dedicadas à educação rural foram marcadas
por uma filosofia pedagógica com ênfase na atividade e autonomia do aluno, numa
atitude democrática, com o respeito à diversidade e a fé na ciência como um
importante elemento de transformação da vida. Para a educadora, “talento e
inteligência não são de geração espontânea, mas precedidos de longo trabalho de
gerações: quem será pintor num meio rural, onde a criança nem mesmo tem o
direito de usas o lápis de cor?” (CAMPOS, 2002, p.29)
Lúcia
Casasanta
Lúcia
Schmidt Monteiro de Castro nasceu em 29 de maio de 1908 em Carancas (Santa
Luzia), região metropolitana de Belo Horizonte. Filha do fazendeiro Eduardo
Olavo Monteiro de Castro, neto do Barão de Congonhas do Campo, e da professora
Clodilte Schmidt Monteiro de Castro , neta de educadores alemães, Félix Schmidt
e Verônica Klaiser. A sua formação teve início na cidade de Ouro Preto no Grupo
Escolar D. Pedro II. O curso primário foi concluído em Belo Horizonte no Grupo
Escolar Barão do Rio Branco. Em 1922 ingressou no curso de magistério na Escola
Normal Modelo de Belo Horizonte. Na época, esse era considerado um destino
obrigatório para as moças de boa família. Antes da sua formatura de normalista,
no ano de 1926, iniciou sua carreira no magistério ao assumir o cargo de
professora substituta de Música, Canto e Teoria Musical, no Grupo Escolar Barão
do Rio Branco. O seu trabalho era preparar alunos para o exame final, cujos
resultados seriam publicados no jornal “Minas Gerais”. Os seus alunos se
destacaram com sucesso e, em virtude disso, recebeu inúmeros elogios.
Por
seu desempenho brilhante como aluna da Escola Normal Modelo e como professora
do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, aos 19 anos, foi convidada pelo então
governador de Minas Gerais, Francisco Campos, para fazer parte de um grupo de
bolsistas que seria enviado para a Teacher´s College, da Columbia University
(Nova York). Essa instituição norte-americana era considerada "o maior
centro educacional do mundo" e irradiador do idealismo liberal. Na
universidade, especializou-se em Metodologia do Ensino da Língua Pátria.
Ao
retornar ao Brasil, em parceria com Alda Lodi (uma das fundadoras do curso de
Filosofia da UFMG) fizeram parte da criação e estruturação da Escola de
Aperfeiçoamento, uma escola laboratório que tinha por objetivo formar uma nova
classe de professores. Um local importante para a produção de conhecimento
sobre a metodologia da linguagem e sedimentação da prática pedagógica. Essa
escola correspondia ao curso pós-médio, direcionado a professoras que já
exerciam o magistério. Ao fim de dois anos, voltariam às suas escolas de
origem, como elementos multiplicadores das teorias e metodologias aprendidas no
curso. O corpo docente da Escola de Aperfeiçoamento tinha uma formação
teórico-prática originária dos Estados Unidos e da Europa
Lúcia Casasanta atuou como professora e
trabalhou muito para concretizar a reforma de ensino proposta por Francisco
Campos e para estabelecer uma nova forma metodológica no ensino\aprendizagem da
leitura e da escrita, em um momento de muita incerteza pedagógica da nossa
história. Defendeu de forma contundente a utilização do Método Global de Contos
para o ensino da leitura. Enfatizou a ideia que as escolas deveriam trabalhar com
a formação do leitor, incentivando os professores a se tornarem leitores e
formadores de novos leitores. A educadora foi defensora do espírito científico
na sala de aula. O processo de ensino-aprendizagem deixou de ser o resultado do
“dom” natural (da “intuição”) do mestre para ser uma ação planejada, resultado
de estudo e pesquisa. Especialista em metodologia da linguagem. É lembrada até
os dias de hoje pela sua contribuição para a alfabetização. Defensora do método
global de contos para aprendizagem da leitura. Um método revolucionário que
obteve resultados surpreendentes no processo de alfabetização. Foi amplamente
adotado dos anos 30 até a década de 70
No
ano de 1933, casou-se com o professor Mário Casasanta. E assumiu os quatro
filhos do professor, com idades que variavam de 2 a 6 anos. Cinco anos mais
tarde, ocupou a cadeira de professora adjunta de didática da linguagem na
Universidade do Rio de Janeiro. Em 1946, atua no Curso de Administração Escolar
(CAE). Em 1953, como integrante da Comissão Organizadora do Programa do Ensino
Primário, foi responsável por elaborar a parte relativa à Língua Pátria. No ano
seguinte, lançou o pré-livro “Os três Porquinhos” e deu início a série didática
“As mais belas histórias”. Em 1963,
ficou viúva e assumiu o lugar do seu marido no Conselho Estadual de Educação
(permaneceu até a sua aposentadoria em 1977). Participou também do Conselho
Estadual de Educação no triênio 1969-1971. Em 1970, tornou-se a primeira
diretora do Instituto de Educação de Minas Gerais depois do seu reconhecimento
como entidade de ensino superior pelo Conselho Federal de Educação. Foi uma das
fundadoras (1970) e a primeira reitora da Universidade Estadual de Minas Gerais
(UEMG). Dentre as suas principais realizações, destaca-se a criação da primeira
biblioteca infantil do Brasil e da primeira clínica para correção de problemas
e leituras e linguagem.
Faleceu
em 04 de junho de 1989. Mas a sua obra permanece viva na memória de educadores,
antigos alunos e das inúmeras crianças que não se esquecem de “As mais belas
histórias”
Alaíde
Lisboa
Professora, escritora, pesquisadora, memorialista, política e
figura de destaque no meio cultural brasileiro, Alaíde Lisboa de Oliveira
nasceu no dia 22 de abril de 1904, na cidade de Lambari (sul de Minas Gerais),
onde passou a sua infância. Filha de Maria Rita Vilhena Lisboa e do conselheiro
João de Almeida Lisboa. É irmã da poetisa Henriqueta Lisboa e do poeta José
Carlos Lisboa (a quem sucedeu na cadeira número seis da Academia Mineira de
Letras). Fez o primário no Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior. Foi uma aluna
que gostava muito de estudar. Fez o curso normal no internato do Colégio Nossa
Senhora de Sion (na cidade mineira de Campanha.), e desenvolveu uma carreira
estudantil brilhante na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais,
onde conviveu com a educadora e psicóloga Helena Antipoff, trazida para Minas
Gerais graças ao empenho do professor José Lourenço de Oliveira, com quem
Alaíde Lisboa veio a casar, em 1936. Helena Antipoff foi a sua madrinha de
casamento. Teve quatro filhos: Abigail, José Carlos, Sílvio e Maria.
É autora de mais de trinta livros, entre didáticos, ensaios e
literatura infantil. Atuou até 1957 como professora na Escola Normal Modelo (atual
Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG) e na Universidade de Minas Gerais
(que mais tarde daria origem a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG). Durante
a sua carreira no magistério, desenvolveu um produtivo trabalho de base, não só
nas funções de professora e de diretora, mas também como pedagoga e
incentivadora dos movimentos de renovação do ensino no nosso estado. Foi
professora em cursos de extensão em várias universidades brasileiras.
Jornalista no jornal mineiro O Diário, durante
quinze anos. Presidente da APPMG por dois mandatos.
Dezessete anos após a conquista do direito ao voto feminino
no Brasil, foi a primeira mulher eleita para o cargo de vereadora em Belo
Horizonte (em 1947, como suplente, assumindo efetivamente dois anos depois). Na
época do seu mandato, conseguiu um aumento dos salários dos professores do
Estado.
Em 1957, doutorou-se em didática pela UFMG, da qual se tornou
catedtática por concurso público. Exerceu vários cargos de direção na
universidade. Durante treze anos, foi diretora do Colégio de Aplicação da UFMG,
além de exercer o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação, primeira
coordenadora do mestrado em educação e, finalmente, professora emérita.
Deixou o seu nome gravado na história da literatura infantil
com a obra A bonequinha preta que
contribuiu para despertar o interesse pela leitura de várias gerações há
sessenta e cinco anos.Sua obra, em especial o livro Nova didática, foi classificada por Carlos Drummond de Andrade como
um trabalho altamente inovador e criativo, “um trabalho feito de experiência,
reflexão e amor à tarefa, com apoio em um grande talento”.
Elza de Moura
Elza
de Moura na época da sua formatura (Foto: reprodução – acervo pessoal de Elza
de Moura)
Elza de Moura é uma das mais
importantes educadoras do nosso país e uma das mulheres mais atuantes na
segunda metade do século XX. Educadora, escritora, pesquisadora, maestrina, gestora
e comunicadora de rádio e televisão. É reconhecida por sua vasta experiência e
grande competência. Presenciou as modificações pelas quais a educação vem
passando em nosso país e atuou de forma dinâmica. Trabalhou com nomes
importantes como a psicóloga e educadora Helena Antipoff, José Oswaldo
de Araujo, Abgar Renault, Mário Campos, Aníbal Matos, a escultora Jeanne Louise Milde, Mário e Lúcia Casassanta,
Nasceu na capital mineira no ano de 1915. Cresceu e vive até
hoje no bairro Santa Ifigênia, em Belo Horizonte. Iniciou os seus estudos aos
seis anos de idade no curso primário no Grupo Escolar Henrique Diniz. Repetiu a
quarta série do ensino primário duas vezes por não ter a idade mínima de 12
anos para iniciar seus estudos como normalista ( repetiu não por reprovação,
mas para completar a idade exigida para o ingresso na escola normal).
Estudou na Escola Normal Modelo (atual Instituto de Educação
de Minas Gerais – IEMG) e na Escola de Aperfeiçoamento. Após a sua formatura, ficou seis anos sem
lecionar por opção pessoal. Nesta época, estudou piano e canto. Foi convidada
por uma amiga para lecionar no Grupo Escolar Lúcio dos Santos e depois no Grupo
Escolar Flávio dos Santos.
Adepta da Escola Nova e de métodos como a gramática
funcional. Elza já gravou programas educacionais na extinta TV Itacolomi.
Participou ativamente das atividades do Complexo
Educacional Fazenda do Rosário. Foi Orientadora técnica no Grupo Escolar
Sandoval de Azevedo. Orientadora técnica e diretora no Grupo Escolar Henrique
Diniz. Ainda hoje ela é convidada para palestras e escreve artigos para
jornais.
Destacou-se
na imprensa mineira escrevendo para suplementos infantis e publicou diversos
livros, dentre eles destacam: Lili e Paulinho estudam ciências naturais
(Editora do Brasil), Pequeno Cientista (Editora do Brasil), Orientação
Metodológica (Editora Bernardo Alvares), entre outros.
Em artigos para
jornal, chamou atenção para as possibilidades que tem a escola primária de
realizar um trabalho de reatamento das relações entre o poeta/poesia e o
público/sociedade. Dizia a professora, que vários autores modernos brasileiros
eram comumente utilizados pelo programa oficial do ensino primário em Minas
Gerais. Através de leituras, declamações, corais falados e leituras
silenciosas, os meninos tomavam conhecimento de poemas de Drummond, Bandeira,
Cecília Meireles, Vinícius de Morais e outros. Isto, bem se vê, é um avanço
extraordinário; principalmente quando se considera que mais da metade de nossos
professores secundários têm sólidos e impenetráveis preconceitos contra a
poesia dita moderna ou qualquer sombra de inovações em arte.
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Comemorando 50 de fundação, o UniBH
Comemorando 50 de fundação, o UniBH chega em 2014 com a bagagem de quem viveu quase metade dos 116 anos da cidade natal. O centro universitário se tornou uma instituição erguida e alimentada por trajetórias distintas, unindo, desde o início, os sonhos que construíram Belo Horizonte. São mais de 120 cursos entre graduação e pós-graduação em 4 unidades diferentes.
Nessas cinco décadas, o desenvolvimento se deu conforme o desejo mútuo entre comunidade e instituição de compartilhar seus caminhos. E é por isso, que o UniBH, tão importante na vida da cidade e de seus moradores, sopra as velinhas certo de que somente por meio de histórias dos alunos, professores e colaboradores é possível contar a sua. Acesse a página, http://oqueunebh.com.br/.
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