segunda-feira, 31 de outubro de 2011

citações sobre o conceito de memória

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“O conceito de testemunho desloca o ‘real’ para uma área de sombra: testemunha-se, via de regra, algo excepcional e que exige um relato. Esse relato não é só jornalístico, reportagem, mas é marcado também pelo elemento singular do ‘real’. Em um extremo dessa modalidade testemunhal encontra-se a figura do maártir – no sentido de alguém que sofre uma ofensa qu

e pode significar a morte –, termo que vem do grego márture e significa testemunha ou sobrevivente (como o superstes latino”) por um lado, manter um conceito aberto da noção de testemunha: não só aquele que viveu um ‘martírio’ pode testemunhar; a literatura sempre tem um teor testemunhal. E, por outro, o real é – em certo sentido, e sem incorrer em qualquer modalidade de relativismo – sempre traumático.”

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“Pensar sobre a literatura de testemunho implica repensar a nossa visão da História – do fato histórico. Como lemos em George Perec – autor de W ou a memória da infância – ‘o indizível não está escondido na escrita, é aquilo que muito antes a desencadeou” (nota 2) A impossibilidade está na raiz da consciência. A linguagem/escrita nasce de um vazio – a cultura, do sufocamento da natureza e o simbólico, de uma reescrita dolorosa do ‘real’ (que é vivido como trauma”.

3
“Aquele que testemunha se relaciona de um modo excepcional com a linguagem: ele desfaz os lacres da linguagem que tentavam encobrir o ‘indizível’ que a sustenta. A linguagem é antes de mais nada o traço – substituto e nunca perfeito e satisfatório – de uma falta, de uma ausência. O mesmo Perec afirma ainda: ‘sempre irei encontrar, em minha própria repetição, apenas o último reflexo de uma fala ausente na escrita, o escândalo do silêncio deles [os pais de Perec, assassinados pelos nazistas] e do meu silêncio [...] A lembrança deles está morta na escrita; a escrita é a lembrança de sua morte e afirmação de minha vida.”

4
“A experiência traumática é, para Freud, aquela que não pode ser totalmente assimilada enquanto ocorre. Os exemplos de eventos traumáticos são batalhas e acidentes: o testemunho seria a narração não tanto desses fatos violentos, mas da resistência à compreensão dos mesmo. A linguagem tenta cercar e dar limites àquilo que não foi submetido a uma forma no ato de sua recepção.”

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“Para Benjamimn, o choque é parte da vida moderna: a experiência agora deixa de submeter-se a uma ordem contínua e passa a estruturar-se a partir das inúmeras ‘interrupções’ que constituem o cotidiano moderno.”

6
“ [...] Lacan descreveu a constituição do simbólico como um passo anterior à constituição do ‘real, na medida em que este constitui o âmbito do que fica fora da simbolização”. Para ele, ‘o que não veio à luz do simbólico aparece no real’ (nas palavras de Lacan: ‘Ce qui n´est pas venu au jour du symbolique, apparaît dans lê réel’ (nota6) ). O real reste ao simbólico, contorna-o, ele é negado por este –, mas também reafirmado ex negativo. O real manifesta-se na negação: daí a resistência à transposição (tradução) do inimaginável para o registro das palavras[...]”

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“A memória só existe ao lado do esquecimento: um complementa e alimenta o outro, um é o fundo sobre o qual o outro se inscreve. Esses conceitos não são simplesmente – como Nietzsche já o sabia – tão necessária quanto a memória e que é parte desta. O geógrafo Pausânias narra que, na Beócia, o rio do Esquecimento, o Lete, corria ao lado da fonte da Memória, Mnemósina. Segundo os antigos, as almas bebiam do rio Lete para se livrar da sua existência anterior e posteriormente reencarnar em seu novo corpo (como se lê em Virgilio, Eneida, VI, 713-16). Para o sobrevivente, a narração combina memória e esquecimento”

8
“O texto de testemunho também tem por fim um culto aos mortos. Não por acaso, esse culto está na origem de uma antiqüíssima tradição da arte da memória ou da mnemotécnica (ars memoriae).”

9
“A historiografia – ou seja, a história como narração, disciplina ou gênero possuindo suas regras, suas instituições e os seus procedimentos – não pode [...] substituir-se à memória coletiva nem criar uma tradição alternativa que possa ser compartilhada. Mas a dignidade essencial da vocação histórica permanece, e o seu imperativo moral parece-me ter hoje em dia mais urgência do que nunca. No mundo que é o nosso não se trata mais de uma questão de decadência da memória coletiva e de declínio da consciência do passado, mas sim da violação brutal daquilo que a memória ainda pode conservar, da mentira deliberada pela deformação das fontes e dos arquivos, da invenção de passados recompostos e míticos a serviço de poderosos tenebrosos. Contra esses militantes do esquecimento, traficantes de documentos, os assassinos da memória, contra os revisores das enciclopédias e os conspiradores do silêncio, contra aqueles que, para retomar a imagem magnífica de Kundera, podem apagar um homem de uma fotografia para que não fique nada senão seu chapéu, o historiador, apenas o historiador, animado pela paixão austera dos fatos, das provas, dos testemunhos, que são o alimento da sua profissão pode velar e montar guarda.”

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“Se o século XIX sofreu de ‘história de mais’, a nossa pós-modernidade sofre de ‘fim da história’, de ‘fim da temporalidade’, em suma, parafraseando Vidal-Naquet, ela sofre do ‘inesistencialismo’. A tarefa da memória deve ser compartilhada tanto em termos na memória individual e coletiva como também pelo registro (acadêmico) da historiografia”.
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“O grande trabalho de preservação da memória do acontecido e dos sofrimentos cabe aos que procuram, através da análise e reavalização dos dados, tornar cosntante a sua presença na consciência da humanidade.”
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“ [...] a memória está presente na multiplicação dos museus, nas ‘instituicoes de memória’, centros de memória, arquivos, memórias de empresas, memórias de partidos, de igreja, de famílias, de clubes, de ONGs [...] – são todos recursos mobilizadores de memória.” .SA
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“A memória não é um receptáculo passivo – a memória é ativa. Só podemos nos lembrar das coisas que significam algo para nós. Assim, organizamos nossas memórias de um jeito que elas façam sentido antes que nos lembremos das coisas. Memórias sem sentido são não-memórias, coisas de que não podemos nos lembrar. Mas ‘significado’ não é simplesmente uma categoria subjetiva [...]
Não nos lembramos das memórias que não têm significado para nós. Organizamos a memória da maneira como desejamos falar sobre elas. E como essas memórias são organizadas? Elas podem ser ordenadas logicamente, com certeza, mas não acho que nós as organizemos sempre de maneira ordenada. Se vocês examinarem a memória que têm dentro de si, verão lembrar-se de músicas, ritmos e, sobretudo, histórias, que são uma das coisas mais humanas que existem.”
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“Não é possível entender a memória sem entendê-la, também, e talvez mais ainda, como mecanismo de eliminação: a memória é um mecanismo de esquecimento programado.”
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“Toda memória é social. Tudo bem – mas por quê? Porque pressupõe interlocução. [...] existe memória individual, lembrança, rememoração [...] e só quando se socializa é que ela pode aparecer.”
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“[...] todos os projetos de construção e reforço de identidade são programas de transferência de memória.”
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“ [...] as memórias não se organizam a partir de uma raiz comum, não sobem se abraçando conjuntamente, em um troco forte, e lá em cima também não se desenvolvem em galhos. Embora desconfortável, é necessário que nos livremos da imagem da árvore, uma vez que ela é homogênea e monolítica, se prestando a bem representar a história das grandes narrativas e de suas supostas continuidades. A imagem que propomos aqui como mais adequada para expressar a idéia da construção das narrativas é muito menos bonita, mas muito mais dinâmica – é a imagem do bulbo. O que é o bulbo? A raiz da samambaia é rizomática, ela se espalha, não tem hierarquia de uma raiz comum, não tem um tronco organizador e não tem os galhos todos conectados. O que ela tem são bulbos que se estabelecem e se espraiam através dos rizomas, das raízes. Elas vão se desenvolvendo como em uma rede e vão se reconectando – o rizoma se expande e forma outro bulbo, depois se expande para outro lado, em busca do sol, tavez, e forma outro Bulbo. Mais tarde, esses pequenos filamentos vão se desenvolvendo em outra direção, talvez em busca de um nutriente, de um mineral, e forma outro bulbo. Quando os vemos, temos algo que é quase como uma rede – filamentos e bulbos. O rizoma é um tipo de caule que cresce horizontalmente; em geral é subterrâneo, mas também pode ter porções aéreas. A base do rizoma é a impermanência e a mutabilidade. Seu principio de funcionamento, se espraiando e se reconectando, formando aquilo que nós, trabalhadores da cultura, podemos pensar como pontos de vista. Que não são hierárquicos – são conectados, geograficamente diferenciados, mas não têm hierarquia. E aqui começamos a pensar em diferentes vozes, diferentes enunciados, diferentes formas de perceber o mundo social, o mundo da política, da cultura, e diferentes processos de construção de identidades sociais. Cada bulbo pode ser um grupo social em determinado momento histórico, pode ser uma classe, um partido, uma associação, m individuo. Começamos a trabalhar com uma variedade de vozes não hierarquizadas. Nossa visão, embora muito mais complexa, talvez comece a ser um pouco mais democrática eu a da árvore.”
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Em Deleuze e Guattari, em Mil plantôs. Capitalismo e esquizofrenia há uma referência a um livro raiz.
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“[...] só podemos ver as imagens do passado quando nos situamos na história. A história sempre se constitui pela relação entre o presente e seu passado, quer dizer, cada presente tem um passado, porque o universo da experiência humana é basicamente inesgotável.”
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“É apenas a partir da estrutura conceitual da nossa linguagem que o mundo se torna mundo para nós. Sem a roupagem lingüística, aquilo que percebemos por meio dos nossos órgãos do sentido constitui apenas um emaranhado de intuições cegas. Esta idéia, que já pode ser lida em Kant, foi aprofundada no chamado romantismo alemão.”
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“A teoria da memória e da reminiscência de Aristóteles – que esteve na base das concepções de memória de toda a Idade Média até a Modernidade – pode ser reconstruída a partir de sua teoria do conhecimento exposta no tratado De Anima. Na sua concepção dinâmica do nosso aparelho cognitivo, os cinco sentidos são responsáveis pela captação das sensações e seu transporte para a faculdade de imaginação, que, por sua vez, fornece as imagens que constituem a matéria bruta da nossa faculdade intelectual. A parte da alma que cria imagens é considerada, em Aristóteles, como um a priori para o processo intelectual mais ‘elevado’. Afinal de contas, para ele ‘a alma nunca pensa sem uma imagem mental’ (De Anima 432 a 17; cf. Yates, p. 32); ainda “ [...] mesmo quando pensamos de modo especutativo, devemos ter uma imagem mental com a qual pensamos (ibidem, 432 a 9).”
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“Aristóteles estruturou, no plano tópico de sua teoria, os três sentidos internos (memória, imaginação e razão) como contraponto dos cinco sentidos externos, e os localizou em três câmaras do cérebro. Os sentidos internos seriam as faculdades da alma que trabalham as informações que vêm do exterior. Essa arquitetura anímica manteve-se constante por séculos afora. Na câmara posterior encontrar-se-ia a imaginação, que realiza a tradução dos dados dos sentidos em imagens, mas que também gera imagens independentes, como ocorre quando sonhamos. Na câmara mediana teríamos o cammon sense, que compara os dados e gera juízos. Na ultima caramra localizar-se-ia a memória, que é vista como um reservatório (Assmann, p.30)”
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“Em seu pequeno tratado De memoria et reminiscentia, Aristóteles nota, no entanto, que a memória, devido ao seu caráter de arquivo de imagens, pertence à mesma parte da alma que a imaginação (De memoria et reminiscentia, p. 450 a 24): ela é um conjunto de imagens mentais das impressões sensuais, mas com um adicional temporal – trata-se de um conjunto de imagens de coisas do passado (sendo que esse dado temporal que Aristóteles destacou nessas imagens só veio a ser realmente levado a sério na tradição com a obra de Santo Agostinho). Graças a essa relação da memória com as impressões sensíveis, ela não é exclusividade dos seres humanos (em contraste com a recordação ou reminiscência, que lhes é exclusiva).”
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“Aristóteles compara a imagem mental gerada pela impressão sensual a um retrato pintado que permanece na memória: ‘pois – o estímulo produzido imprime uma espécie de semelhança com o percebido, exatamente como nós selamos com sinetes dos anéis.’ (De memoria et reminiscentia, 450-30 s.). Ele concebe, portanto, a formação da imagem mental como o movimento de impressão de uma imagem na cera por um anel que sela. Como na famosa descrição de Teeteto de Platão, para Aristóteles também cada pessoa possuiria uma determinada consistência dessa superfície mnemônica, que é a aproximada da noção de bloco de cera, o que determina a sua capacidade de reter mais ou menos informações.”
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Para Aristóteles, “A reminiscência é definida como a recuperacao intencional de um conhecimento ou de uma sensação. Ela é marcada por dois princípios: o de associação e o de ordem. A associação pode se dar via similaridade, inversão ou por contigüidade. Por outro lado, a ordem da recordação pode seguir a ordem da apreensão dos objetos: é fácil nos recordarmos do que segue uma ordem, como ocorre na matemática. Aristóteles menciona também a utilização de locais para recordar coisas, ou ainda fala em possíveis séries, como na sucessão de letras a b c d e f g h, sendo que ele destaca que também são possíveis erros no processo de recordação assim ordenado.”
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“Em Aristóteles, portanto, encontramos tanto uma concepção da memória como escritura na nossa placa mnemônica das impressões do mundo, como também uma forte concepção de reminiscência ou recordação, como um procedimento de leitura – e, como ~e evidente, a comparação com as letras do alfabeto não ~e de modo algum casual aqui. O elemento ativo da memória é comparado ao modo de ação de um pesquisador ou viajante que busca a inscrição mnemônica pelos labirintos de nossa memória-arquivo. A noção de associação também é essencial no nosso contextoa: estrutucao da recordação – e portanto do discurso de modo geral, que sempre está recuperando informações arquivadas – funciona a partir de um principio de leitura de semelhanças.”
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O estudo da concepção de memória em Aristóteles nos ajuda a compreender a relação entre a nossa linguagem e uma certa espacialidade da memória. “[...] não podemos pensar a linguagem como sendo meramente um fenômeno que se dá no tempo: ela também ocorre em um determinado espaco. É moldada e ao meso tempo forma este espaço.”
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“No século XX podemos observar um gradual aumento dos discursos sobre a memória. Este fenômeno na verdade deu continuidade a certos movimentos intelectuais já esboçados no século XIX. Se na filosofia Nietzsche plantara o grão do pensamento anti-historicista, na literatura a ‘crise do verso’ diagnosticada por Mallarmé em 1895, na sua palestra ministrada na Universidade de Oxford (e cujas conseqüências estão inscritas na poesia imagética do seu ´Coup de dês’), também anunciou um corte com a tradição do realismo do romance do século XIX. Baudelaire, como é sabido desde um conhecido ensaio de Benjamin de 1939, foi o poeta lírico que soube incorporar o choque característico da Modernidade na sua poética; já com Mallarmé a literatura explodiu em uma nova constelação espaciotemporal que se desdobra hoje em dia nas novas criações poéticas digitais. Nas artes plásticas as vanguardas em poucos anos no início do século XX deram conta de revolucionar a noção de arte: cubismo, futurismo e surrealismo instauraram regras tão novas para o jogo artístico que se pode dizer que as mudanças acumuladas em uma década foram mais amplas que as ocorridas nos duzentos anos, ou mais, anteriores.”
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“... essa cultura da memória nasce da resistência ao esquecimento ‘oficial’ e a uma ‘cultura da amnésia’, do apagamento do passado, que caracteriza nossa sociedade globalizada pós-industrial”
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“A rememoração é um processo que não é possível na sua totalidade – tem sempre um momento de limitação.”
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“Em suas célebres teses ‘Sobre o conceito da história’, escritas em 1940, Walter Benjamin declara: ‘Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘tal como ele propriamente foi’. Significa apoderar-se de uma lembrança tal como ela cintila num instante de perigo’. Essa afirmação é uma recusa clara ao ideal da ciência histórica que Benjamin, pejorativamente, qualifica de historicista e burguesa, ciência essa que pretende fornecer uma descrição, a mais exata e exaustiva possível, do passado. ”
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“Nós articulamos o passado, diz Benjamin, nós não o descrevemos, como se pode tentar descrever um objeto físico, mesmo com todas as dificuldades que essa tentativa levanta, das classificações de Lineu aos Métodos de Francis Ponge.”
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“A ‘história’, acrescenta Benjamin, ‘é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas aquele preenchido pelo tempo-agora [Jetzteit]”
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“ [...] se, ‘por definição, o historiador vive no relativo’ e se ‘ele não pode ´[...] dizer tudo, sua luta não pode ter por fim o estabelecimento de uma verdade indiscutível e exaustiva. Seria lutar em vão porque a verdade histórica não é da ordem da verificação factual (unicamente possível para as ciências experimentais... e mesmo para elas discutível). Mas o conceito de verdade não se esgota nos procedimentos de adequação e verificação, procedimentos esses cuja impossibilidade prática no caso do historiografia da Shoah fornece, justamente, seus ‘argumentos’ aos revisionistas.”
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“O pensamento de Ricoeur também nos lembra, que a história é sempe, simultaneamente, narrativa (as histórias inumeráveis que a compõem; Erzahlung, em alemão) e processo real (seqüência das ações humanas em particular; Geschitchte), que a história como disciplina remete sempre às dimensões humanas da ação e da linguagem e, sobretudo, da narração“
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“Por que a reflexão sobre a memória utiliza tão freqüentemente a imagem – o conceito – de rastro? Porque a memória vive essa tensão entre presença e a ausência, presença do presente que se lembra do passado desaparecido, mas também presença do passado desaparecido que faz sua irrupção em um presente evanescente. Riqueza da memória, certamente, mas também fragilidade da memória e do rastro. Podemos também observar que o conceito de rastro rege igualmente todo o campo metafórico e semântico da escrita, de Platão a Derrida. Se as ‘Palavras’ só remetem às ‘coisas’ na medida em que assinalam igualmente sua ausência, tanto mais os signos escritos, essas cópias de cópias como diz Platão, são, poderíamos dizer deste modo, o rastro de uma ausência dupla: da palavra pronunciada (do fonema) e da presença do ‘objeto real’ que ele significa.”
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“Se, [..], verdade implica duplicidade, como movimento que busca adequação entre as coisas e os nomes, natureza e linguagem, para Benjamin ela é também algo que se encontra disperso nas coisas e na linguagem, como unidade potencialmente resgatável a partir de seus fragmentos. (nota 47)”
“[...] É verdade que o leitor moderno quer se ver refletido, em sua dimensão profundamente subjetiva, no espelho do romance; entretanto, ao mesmo tempo em que o romance acena com sua própria dissolução e com a desintegração do sujeito que nele se vê refletido, ele também promove um distanciamento crítico, oferecendo assim uma nova visão do sujeito e da realidade.
A visão moderna abriga resíduos de antiguidade: a imagem de que se vale Benjamin, comparando o leitor do romance ao fogo que consome a lenha não só evoca a semelhança do leitor a dois outros tipos de subjetividade, o sujeito amoroso e o sujeito místico (cf nota 82), como também remete, por um lado, à antiga tradição humoral da melancolia como afecção proveniente de uma falta de calor no organismo e, por outro, à tradição de se contar histórias ao redor do fogo. Só que o fogo que arde nas proximidades do leitor do romance é o fogo domestico, que arde comportadamente nos limites da lareira de uma confortável residência burguesa.”
“O romance oferece espaço para a melancolia do narrador, como se oferecesse espaço para os resíduos de oralidade das antigas formas narrativas. Se todas as narrativas se constituem, por definição, na tentativa de recuperar por meio da linguagem e da memória, algo que já deixou de constituir parte da experiência presente, isto é, vivências, fatos, acontecimentos passados, é o resíduo da figura de narrador que fala Benjamin – metonimicamente tão eficaz quanto a figura original perdida [...]”

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“Se, para Benjamin, a memória é responsável pela conservação do narrado e por assegurar sua transmissão futura, é preciso levar em consideração o que lhe permite existir: a experiência da percepção e do apagamento, ou melhor, da neutralização das percepções por meio da vivência de choques tornados elementos da experiência e também pela experiência do esquecimento, isto é, pela impossibilidade de reativar conscientemente imagens do passado. [...]
Benjamin recorre a Freud, a Bérgson e a Proust para explicar o complexo mecanismo da memória e sua articulação com a temporalidade, e sua relevância na poética de Baudelaire. O recurso a Freud serve a Benjamin para justificar, por meio da idéia da consciência como barreira de proteção contra estímulos externos, a importância da vivência do choque como possível, graças a uma falha nesse sistema de proteção e que dá origem, entre outras coisas, ao próprio trabalho artístico. É no embate entre a defesa contra os estímulos e a percepção de que tais estímulos o afetam que a consciência (e sua precária identidade) do poeta se constrói. Essa construção só pode ser levada a cabo de maneira dupla. Em Baudelaire, essa duplicidade se manifesta de múltiplas formas. Benjamin destacou algumas delas: ‘Baudelaire fixou esta constatação na imagem crua de um duelo, em que o artista, antes de ser vencido, lança um grito de susto. Esse duelo é o próprio processo de criação. Assim, Baudelaire inseriu a experiência do choque no âmago de seu trabalho artístico’.[...] ”
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“[...] A subjetividade moderna se define, pois, por um lado, por uma relação diversa com as coisas, pela qual o sujeito, ou se torna objeto, ou se dissolve em sua própria subjetividade, e as coisas se humanizam, tornando-se capazes inclusive de ‘pensar’; por outro lado, é ela que identifica nas cosias traços de um tipo de pensamento musical e pitoresco, ‘sem angustia, sem silogismo, sem deduções’ e que aparece como desejável. Na interpretação de Benjamin, essa reversão das relações sujeito-objeto não pode ser entendida senão pelo recurso às tremendas modificações introduzidas pelo capitalismo industrial na vida social e na paisagem urbana de Paris do século XIX. Mas esse recurso não se deixa reduzir a relações de causa e efeito, nem admite explicações de tipo psicológico como assinalou Pensky (cf. nota 94), já que as fontes da poética baudelariana se encontram precisamente nos diferentes modos de relação que se estabelecem entre visão poética e seus objetos.”


notas
1 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 47-48.

2 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 48

3 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 48

4 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p.48.

5 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 49.

6 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 50.

7 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 53.

8 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 55.

9 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 62-63.

10 SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 63.

11 ROZENCHAN, NANCY. In: SELIGMANN-SILVA, Márcio. História Memória Literatura, p. 189..

12 MENESES, Ulpiano Bezerra. “Paradoxos da memória”In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.20.

13 FENTRESS, James. “Preservação e Modernidade”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.36.

14 MENESES, Ulpiano Bezerra. “Paradoxos da memória”In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.23.

15 MENESES, Ulpiano Bezerra. “Paradoxos da memória”In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana.. p.26.

16 MENESES, Ulpiano Bezerra. “Paradoxos da memória”In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.27.

17 MACHADO, Maria Helena Pereira Toleto. “A construção narrativa da memória e a construção das narrativas históricas: panorama e perspectivas”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 54-55.

18 MACHADO, Maria Helena Pereira Toleto. “A construção narrativa da memória e a construção das narrativas históricas: panorama e perspectivas”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 56.

19 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.69.

20 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P.72.
21 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 72.

22 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 73.

23 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 73.

24 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 73-74.

25 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 74.

26 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 74.

27 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 74-75.

28 SELIGMANN SILVA, Márcio. “A língua como leito da memória cultural e meio de diálogo entre as culturas.”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 75.

29 LAGES, Susana Kampft. “Literatura e memória – caminhos e descaminhos”. In: MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e Cultura – a importância da memória na formação culutral humana. P. 116.

30 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P.40.

31 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P.40.

32 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P.41.

33 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P. 42.

34 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P. 43.

35 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. P.44.

36 LAGES. Tradução e Melancolia, p. 123.

37 LAGES. Tradução e Melancolia, p.137.

38 LAGES. Tradução e Melancolia, p.. 139.

39 LAGES. Tradução e Melancolia, p. 140-141.

40 LAGES. Tradução e Melancolia, p.. 142.

Direito à Cidade - David Harvey

Direito à Cidade - David Harvey



No dia 29 de janeiro o geógrafo David Harvey fez a palestra inaugural do seminário "Lutas pela reforma urbana: o direito à cidade como alternativa ao neoliberalismo", organizado pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana. Leia abaixo a transcrição de sua palestra, na íntegra. A tradução foi feita por Fernando Alves Gomes. Palestra:Para mim, é um imenso prazer estar aqui, mas em primeiro lugar eu gostaria de me desculpar por falar em inglês, que é a língua do imperialismo internacional. Eu espero que o que eu vá dizer seja suficientemente antiimperialista para que vocês me perdoem por isso.
Eu estou muito grato pelo convite que me fizeram, porque eu aprendo muito com os movimentos sociais. Eu vim aqui para aprender e para ouvir, e, portanto, eu já considero esta uma grande experiência educacional, pois, como disse Karl Marx certa vez, sempre há a grande questão acerca de quem vai educar os educadores.Eu tenho trabalhado já há algum tempo com a idéia de um direito à cidade. Eu entendo que o direito à cidade significa o direito de todos nós a criarmos cidades que satisfaçam as necessidades humanas, as nossas necessidades. O direito à cidade não é o direito de ter - e eu vou usar uma expressão do inglês - as migalhas que caem da mesa dos ricos. Todos devemos ter os mesmos direitos de construir os diferentes tipos de cidades que nós queremos que existam.O direito à cidade não é simplesmente o direito ao que já existe na cidade, mas o direito de transformar a cidade em algo radicalmente diferente. Quando eu olho para a história, vejo que as cidades foram regidas pelo capital, mais que pelas pessoas. Assim, nessa luta pelo direito à cidade haverá também uma luta contra o capital.Eu quero agora falar um pouco sobre a história da relação entre o capital e a construção de cidades, fazendo uma pergunta: Por que o capital consegue exercer tantos direitos sobre a cidade? E por que as forças populares são relativamente fracas contra aquele poder? Eu também gostaria de falar sobre como, na verdade, a forma com que o capital opera nas cidades é uma de suas fraquezas. Assim, eu acredito que, dessa vez, a luta pelo direito à cidade está no centro da luta contra o capital. Nós estamos vivendo agora, como todos sabem, uma crise financeira do capitalismo. Se nós olharmos para a história recente, nós descobriremos que ao longo dos últimos 30 anos houve muitas crises financeiras. Alguém fez os cálculos e disse que desde 1970 houve 378 crises financeiras no mundo. Entre 1945 e 1970 houve apenas 56 crises financeiras. Portanto, o capital tem produzido muitas crises financeiras nos últimos 30 ou 40 anos. E o que é interessante é que muitas dessas crises financeiras têm origem na urbanização. No fim da década de 1980, a economia japonesa quebrou, e quebrou por conta da especulação da propriedade e da terra. Em 1987, nos Estados Unidos, houve uma enorme crise, na qual centenas de bancos foram à falência, e tudo se deveu à especulação sobre a habitação e o desenvolvimento de propriedade imobiliária. Nos anos de 1970 houve uma grande crise mundial nos mercados imobiliários. E eu poderia continuar indefinidamente, dando-lhes exemplos de crises financeiras com origens urbanas. Meu cálculo é que metade das crises financeiras dos últimos 30 anos teve origem na propriedade urbana. As origens dessa crise nos Estados Unidos estão em algo chamado crise das hipotecas sub prime. Mas eu chamo esta crise não de crise das hipotecas sub prime, e sim de crise urbana.O que aconteceu foi que nos anos de 1990 surgiu o problema de um excedente de dinheiro sem destinação - o capitalismo é um sistema que sempre produz excedentes. Nós podemos pensar a coisa da seguinte forma: o capitalismo acorda certa manhã e vai ao mercado com certa quantidade de dinheiro e compra trabalho e meios de produção. Ele põe estes elementos para trabalhar e produz certo bem, para vendê-lo por mais dinheiro do que ele tinha no começo. Assim, no fim do dia o capitalista tem mais dinheiro do que ele tinha no começo do dia. E a grande pergunta é: o que é que ele faz com aquele extra que conseguiu? Bem, se ele fosse como você e eu, ele provavelmente sairia e se divertiria gastando o dinheiro. Mas o capitalismo não é assim. Há forças competitivas que o impelem a reinvestir parte de seu capital em novos desenvolvimentos. Na história do capitalismo, tem havido uma taxa de crescimento de 3% desde 1750. Uma taxa de crescimento de 3% significa que é preciso encontrar saídas para o capital. Desse modo, o capitalismo sempre se confronta com aquilo que eu chamo de problema da absorção do excedente do capital: onde eu posso encontrar uma saída lucrativa em que aplicar o meu capital? Em 1750, o mundo inteiro estava aberto para essa questão. E, àquela época, o valor total da economia global era de 135 bilhões de dólares em bens e serviços. Quando se chega a 1950, há 4 trilhões de dólares em circulação, e você tem que encontrar saídas para 3% de 4 trilhões. E quando se chega ao ano 2000, tem-se 42 trilhões de dólares em circulação. Hoje, provavelmente, este valor chega a cerca de 50 trilhões. Em 25 anos, a uma taxa de crescimento de 3%, ele será de 100 trilhões. Isso significa que há uma crescente dificuldade em encontrar saídas rentáveis para o excedente de capital.Essa situação pode ser apresentada de outra forma. Quando o capitalismo era essencialmente o que acontecia em Manchester e em outros poucos lugares do mundo, uma taxa de crescimento de 3% não representava um problema. Agora nos temos que colocar uma taxa de 3% em tudo que acontece na China, no Leste e no Sudeste asiáticos, na Europa, em grande parte da América Latina e na América do Norte, e aí nós temos um imenso, gigantesco problema. Os capitalistas, quando têm dinheiro, têm também a escolha de como reinvesti-lo. Você pode investir em nova produção. Um dos argumentos para tornar os ricos ainda mais ricos é que eles reinvestirão na produção, e que isso gerará mais emprego e melhores padrões de vida para o povo. Mas desde 1970 eles têm investido cada vez menos em novas produções. Eles têm investido na compra de ativos, ações, direitos de propriedade, inclusive intelectual, e, é claro, em propriedade imobiliária. Portanto, desde 1970, cada vez mais dinheiro tem sido destinado a ativos financeiros, e quando a classe capitalista começa a comprar ativos, o valor destes aumenta. Assim eles começam a fazer dinheiro com o crescimento no valor de seus ativos.Com isso, os preços da propriedade imobiliária aumentam mais e mais. E isso não torna uma cidade melhor, e sim a torna mais cara. Além disso, na medida em que eles querem construir condomínios de luxo e casas exclusivas, eles têm que empurrar os pobres para fora de suas terras - eles têm que tirar o nosso direito à cidade. Em Nova York, eu acho muito difícil viver em Manhattan, e vejam que eu sou um professor universitário razoavelmente bem pago. A massa da população que de fato trabalha na cidade não tem condições de viver na cidade porque o preço dos imóveis subiu exageradamente. Em outras palavras, o direito das pessoas à cidade foi subtraído. Às vezes ele é subtraído por meio de ações do Mercado, às vezes por meio de ações do governo, que expulsa as pessoas de onde elas vivem, às vezes ele é subtraído por meios ilegais, violentos, ateando- se fogo a um prédio. Houve um período em que parte de Nova York sofreu incêndio após incêndio.O que isso faz é criar uma situação em que os ricos podem cada vez mais exercer seu domínio sobre toda a cidade, e eles têm que fazer isso, porque essa é a única forma de usar seu excedente de capital. E em algum momento, entretanto, há também incentivos para que esse processo de construção da cidade alcance as pessoas mais pobres. As instituições financeiras concedem empréstimos aos empreendedores imobiliários para que eles desenvolvam grandes áreas da cidade. Você tem os empreendedores que promovem o desenvolvimento, mas o problema é: para quem eles vendem os imóveis? Se a renda da classe trabalhadora estivesse crescendo, então talvez eles poderiam vendê-los para os trabalhadores. Mas desde os anos de 1970 as políticas do neoliberalismo têm implicado reduções salariais. Nos EUA, os salários reais não têm aumentado desde 1970, de tal modo que se tem uma situação em que os salários reais são constantes, mas os preços dos imóveis estão subindo. E de onde vem a demanda por habitação? A resposta consistia em conduzir as classes trabalhadoras a uma situação de débito. E o que nós vemos é que o débito com habitação nos EUA passou de cerca de 40.000 dólares por família para mais de 120.000 dólares por família nos últimos 20 anos. As instituições financeiras batem nas portas dos trabalhadores e dizem "Nós temos um bom negócio para você. Nós lhe emprestamos dinheiro e você pode ter sua casa própria. E não se preocupe se mais adiante você não conseguir pagar sua dívida, porque os preços dos imóveis estão subindo, então tudo está bem".Assim, mais e mais pessoas de baixa renda foram levadas a contrair dívidas. Mas cerca de dois anos atrás, os preços dos imóveis começaram a cair. A distância entre o que os trabalhadores podiam pagar e o tamanho da dívida tornou-se grande demais. De repente houve uma onda de execuções de hipotecas em muitas cidades americanas. Mas como geralmente acontece com algo desse tipo, há um desenvolvimento geográfico desigual de tal onda. A primeira onda atingiu comunidades de baixíssima renda em muitas das cidades mais antigas dos Estados Unidos. Há um maravilhoso mapa que pode ser visto na página eletrônica da BBC das execuções hipotecárias na cidade de Cleveland. O que se vê é um mapa pontilhado das execuções, que é altamente concentrado em certas áreas da cidade. Há do lado deste um outro mapa, que mostra a distribuição da população afro-americana, e os dois mapas correspondem entre si. O que isso significa é que ocorreu um roubo à população afro-americana de baixa renda. Esta foi a maior perda de ativos de populações de baixa renda nos EUA de todos os tempos: dois milhões de pessoas perderam suas casas. E naquele mesmo momento o pagamento de bônus em Wall Street ultrapassava a casa dos 30 bilhões de dólares - que é o dinheiro extra pago aos banqueiros pelo seu trabalho. Assim, os 30 bilhões pagos em Wall Street foram efetivamente retirados das populações dos bairros de baixa renda. Fala-se sobre isso nos Estados Unidos como um "Katrina financeiro", porque, como vocês se lembram que o furacão Katrina atingiu particularmente Nova Orleans, e foi a população negra de baixa renda que foi deixada para trás, sendo que muitos morreram. Os ricos protegeram seu direito à cidade, mas os pobres essencialmente perderam o deles.Na Flórida, na Califórnia e no Sudoeste americano, o padrão foi diferente. Ele se mostrou muito mais nas periferias das cidades. Lá, muito dinheiro estava sendo emprestado a grupos de construtoras e incorporadoras. Eles estavam construindo casas fora da cidade, 45km fora de Tuscon e de Los Angeles, e não conseguiam encontrar para quem vendê-las. Então eles buscaram a população branca que não gostava de viver perto de imigrantes e de negros nas cidades centrais. Isso levou a uma situação que se revelou há um ano, quando os altos preços da gasolina tornaram as coisas muito difíceis para aquelas comunidades. Muitas pessoas não conseguiam pagar suas dívidas, de modo que aconteceu uma onda de execuções hipotecárias que está se dando nos subúrbios, e atinge principalmente os brancos, em lugares como a Flórida, o Arizona e a Califórnia. Enquanto isso, o que Wall Street fez foi pegar todas aquelas hipotecas de risco e embrulhá- las em estranhos instrumentos financeiros. Eles pegavam todas as hipotecas de um determinado lugar e colocavam-nas num pacote, e então vendiam partes daquele pacote para outras pessoas. O resultado é que todo o mercado financeiro de hipotecas se globalizou, e o que se vê são pedaços de propriedade hipotecária sendo vendidas para pessoas na Noruega, na Alemanha, no Golfo e em qualquer lugar. Todos foram convencidos de que essas hipotecas e esses instrumentos financeiros eram tão seguros quanto casas. Acabou que eles não se mostraram seguros, e então sobreveio a grande crise, que segue sem parar. Meu argumento é que se essa crise é basicamente uma crise de urbanização, então a solução deve ser uma urbanização diferente, e é aí que a luta pelo direito à cidade se torna crucial, porque nós temos a oportunidade de fazer algo diferente.Mas sempre me perguntam se essa crise é o fim do neoliberalismo. Minha resposta é "não", se se olha para o que está sendo proposto em Washington e em Londres. Um dos princípios básicos que foram estabelecidos na década de 70 é que o poder do Estado deve proteger as instituições financeiras a qualquer preço. Se há um conflito entre o bem estar das instituições financeiras e o bem estar do povo, opta-se pelo bem estar das instituições financeiras. Este é o princípio que foi desenvolvido na cidade de Nova York City em meados dos anos 70, e que foi definido internacionalmente pela primeira vez quando houve a ameaça de falência do México em 1982. Se o México tivesse ido à falência, isso teria destruído os bancos de investimentos de Nova York. Assim, o Banco Central dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional combinaram esforços para ajudar o México a não entrar em falência. Em outras palavras, eles emprestaram o dinheiro que o México precisava para pagar os banqueiros de Nova York. Mas, ao fazê-lo, eles impuseram austeridade à população mexicana. Ou seja, eles protegeram os bancos e destruíram as pessoas. Essa tem sido a prática padrão do FMI desde então. Agora, se olharmos para a resposta dada à crise pelos Estados Unidos e a Inglaterra, nós veremos que o que eles efetivamente fizeram foi salvar os bancos ? são 700 bilhões de dólares para os bancos nos EUA. Eles não fizeram absolutamente nada para proteger os proprietários de imóveis que perderam suas casas. Então, é este exatamente o mesmo princípio que agora vemos em funcionamento: proteger as instituições financeiras e foda-se o povo. O que nós deveríamos ter feito era pegar os 700 bilhões e criar um banco de re-desenvolvimento urbano, para salvarmos todas as comunidades que estavam sendo destruídas e reconstruir as cidades a partir das demandas populares. O interessante é que, se nós tivéssemos feito isso antes, muito da crise teria simplesmente desaparecido, porque não haveria a execução das hipotecas. Nesse meio tempo, nós precisamos organizar um movimento antidespejo - e temos visto isso acontecer em Boston e em algumas outras cidades. Mas, nesse momento da história nos EUA, há um sentimento de que a mobilização popular está restrita porque a eleição de Obama era a prioridade. Muitas pessoas esperam que Obama faça algo diferente, mas infelizmente os seus consultores econômicos são exatamente os mesmos que criaram o problema. Eu duvido que Obama venha a ser tão progressista quanto Lula. Eu acho que nós teremos que esperar um pouco antes que os movimentos sociais comecem a agir. Nós precisamos de um movimento nacional pela reforma urbana como o que vocês têm aqui. Nós temos que construir uma militância do mesmo tipo que vocês construíram aqui. Nós temos que, de fato, começar a exercer nosso direito à cidade. E em algum momento nós teremos que reverter o modo como as instituições financeiras são priorizadas em detrimento do povo. Nós temos que nos questionar o que é mais importante, o valor dos bancos ou o valor da humanidade. O sistema bancário deveria servir às pessoas, e não viver à custa das pessoas. A única forma que temos de, em algum momento, nos tornarmos capazes de exercer nosso direito à cidade é controlando o problema da absorção do excedente capitalista. Nós temos que socializar o excedente do capital. Nós temos que usá-lo para atender necessidades sociais. Nós temos que nos livrar do problema da acumulação constante dos 3%. Nós chegamos a um ponto em que uma taxa de crescimento constante de 3% irá impor custos ambientais tão imensos, irá exercer uma pressão tão grande sobre as questões sociais, que nós viveremos em perpétua crise financeira. Se nós sairmos dessa crise financeira do modo que eles querem, haverá uma outra crise financeira dentro de cinco anos. Chegamos a um ponto em que não podemos mais de aceitar o que disse Margaret Thatcher, que "não há alternativa", e que devemos dizer que deve haver uma alternativa. Deve haver uma alternativa para o capitalismo em geral. E nós podemos começar a nos aproximarmos dessa alternativa percebendo o direito à cidade como uma exigência popular internacional, e eu espero que possamos todos nos unir nessa missão.Muito obrigado.Tradução de Fernando Alves Gomes

Campanha pelo fim da violência nas escolas


Bela e importante campanha do Sinpro MG!

PELA PAZ NO AMBIENTE ESCOLAR, DENUNCIE A VIOLÊNCIA (0800 770 3035)

seminário on line da usp

Mais de 6000 pessoas assistiram online ontem ao Seminário Internacional sobre Sociologia e Esperança, que está sendo realizado no Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Segue o novo link para assistir a programação de hoje:
http://bit.ly/oqzDtK

O Seminário acontece de 18 a 20 de outubro de 2011, sob patrocínio da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da FFLCH-USP.

Quantos dias formam um ano letivo...




Se você é Professor, da Rede Pública ou Particular, LEIA com Atenção!!!
Urgente e Atual

O ministro da Educação Fernando Haddad solicitou uma pesquisa científica sobre o aumento do número de horas do aluno na Escola e sua correlação com o aumento do Rendimento Escolar. No dia 21 de setembro (21/09/11) ele apresentou os resultados à imprensa, pois deseja um Grande Debate sobre o Assunto.
A pesquisa realizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo revelou que mais tempo (mais horas) na Escola leva a uma melhoria dos resultados do aluno na aprendizagem e nas avaliações (ENEM, SAEB, etc.).
Até aí nenhuma surpresa, pois vários países desenvolvidos têm uma carga horária anual maior do que a brasileira e têm resultados melhores. O que vêm a seguir é que é preocupante.
Diante do resultado deste estudo, Ricardo Paes de Barros, subsecretário que coordenou a pesquisa apontou alternativas (que seriam, na verdade, Propostas) ao ministro:
Proposta 1
Proposta 1 – O Estudo de Ricardo Paes de Barros mostrou que um bom professor em sala de aula tem o impacto de 9,6 pontos no Saeb, 20 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e 68% de melhoria do desempenho do aluno. Mostrou também que a melhoria dos resultados acadêmicos pode ser feita com adiminuição das faltas dos alunos e dos professores durante o ano letivo. Esta proposta implica a) criar programas de formação e projetos de incentivo aos docentes, para que mais bem remunerados, preparados e motivados, possam faltar menos e dar melhores aulas; b) modificar a atual LDB, diminuindo o percentual máximo permitido de faltas aos alunos (25%); c) Reduzir o número de faltas, abonos e licenças permitidas por lei aos docentes.
A Proposta 1 requer modificação na legislação educacional e investimentos em Salários e em Programas de Formação Continuada para os Docentes (Formação Profissional, Especialização, Mestrado e Doutorado).
Proposta 2
Proposta 2 – Paes de Barros aponta que a Diminuição do número de alunos em Sala potencializa o rendimento de todos, ao permitir que os Docentes tenham mais tempo para auxiliar os alunos que apresentarem dificuldades. Nesta proposta: a) estabelecer qual é o número mínimo de alunos por sala e série; b) ampliar o número de salas e, consequentemente, de escolas; c) criar incentivos para a carreira docente, pois mais salas e mais escolas demandarão mais professores mais bem preparados (hoje, desestimulados, muitos estão deixando a carreira docente).
A Proposta 2 demanda investimento em infraestrutura e investimento no profissional da educação (Salários e Capacitação). Se a carreira docente for valorizada, atrairá e manterá nela os mais capacitados.
Proposta 3
Proposta 3 –Aumento do número de horas diárias do aluno na Escola. Essa proposta segue o modelo europeu (período integral) e implica em alguns investimentos: a) melhorar as cantinas escolares para que possam servir almoço aos alunos; b)readequação do currículo para que todo o período de permanência seja bem aproveitado; c) maior número de salas de aulas (hoje, os alunos do matutino e vespertino utilizam as mesmas salas); d) readequação e aumento da carga horária dos professores (o professor receberia o valor das aulas adicionais); e) aumento dos espaços esportivos e culturais da Escola (necessidades de uma Escola de Tempo Integral).
Ou seja, a Proposta 3 requer significativos investimentos em infraestrutura. Entretanto, o aumento do salário dos professores seria apenas em função do aumento do trabalho (mais aulas, mais remuneração) e não de um aumento real no valor da hora/aula. É verdade que a Escola de Tempo Integral é um modelo seguido na Europa, mas lá o professor recebe melhores salários (quando comparados com outros profissionais de formação superior) do que aqui.
Proposta 4
Proposta 4 – Aumento dos dias letivos. Dos atuais 200 para 220 dias letivos. Sendo subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência, Paes de Barros julga ser essa a alternativa mais atraente e interessante ao governo pois praticamente não haverá nenhum custo para os cofres públicos. Na prática, esta Proposta levará: a) a um aumento dos dias letivos em detrimento de sábados e feriados; b) aumento da jornada de trabalho (em dias) sem o consequente aumento da remuneração (pois o governo já divide o salário anual em doze meses + o décimo terceiro); c) diminuição dos dias de recesso e férias docentes.
A Proposta 4 não requer do Governo praticamente nenhum investimento – só uma mudança na Lei. Já para o docente, significa mais dias de trabalho, mais matéria a ser lecionada e mais avaliações, provas e trabalhos para corrigir e nenhum aumento ou remuneração adicional. Para o aluno, mais matéria, mais pressão por resultados e menos dias livres em casa.
Fique Atento e Pense Corretamente como PROFESSOR


O Governo tem a intenção, segundo o ministro, de realizar um DEBATE com a SOCIEDADE para, em seguida, implementar a medida – aumento para 220 dias letivos.


Proposta 1 - Investir na Formação e Salários dos Professores e Diminuir a permissão para Faltas (docentes e discentes).
Proposta 2 - Menos alunos por Sala e Professores melhor Preparados e Melhor Remunerados.
Proposta 3 - Escola de Tempo Integral (ainda precisa de muitos ajustes, mas levará o governo à necessidade de INVESTIR muito para sua implantação).
CUIDADO, Professor
Como mais UMA PROVA de que o Governo não quer INVESTIR em Educação, o subsecretário da Pasta já está indicando o aumento dos dias como a MELHOR proposta para o GOVERNO. Isso é ÓBVIO, pois é a única alternativa que não requer investimentos.
O Governo tentará neste DEBATE jogar a população contra os professores que se opuserem aos 220 dias (Alternativa 4).
Mas na verdade, NÓS PROFESSORES sabemos que aumentar para 220 dias não vai mudar em NADA o quadro atual de descaso com que as autoridades tratam a Educação.
Além disso, a proposta de aumento dos Dias Letivos é a única que não apresentará nenhuma contrapartida positiva para o DOCENTE.
Existem, ainda, outras PROPOSTAS com melhores OPÇÕES . Diga isso aos seus colegas e diretores. Diga isso aos seus vizinhos. Diga isso aos seus ALUNOS, sejam eles do Ensino Fundamental, do ENSINO MÉDIO, do Ensino Superior, da Pós Graduação, do Mestrado ou do Doutorado.
TODOS OS PROFESSORES DEVEM SE UNIR neste Debate, pedindo ao Governo que aumente os INVESTIMENTOS na Educação do País.
É fato que Todos os Professores Conscientes querem MUDANÇAS na Educação. Mas queremos MUDANÇAS que realmente façam a DIFERENÇA, que AUMENTEM a QUALIDADE do Ensino e que FAÇAM o governo Investir naquilo que é mais precioso – a Educação de nossas Crianças.
NÃO ACEITE OS 220 DIAS. Os 220 dias serão um ENGODO para que o GOVERNO não gaste e não invista mais.
Queridos Professores e Professoras da rede Pública e Particular, de todos os níveis
Sejam conscientes - Repassem este E-mail a todos os Docentes e Educadores que vocês Conhecem.
Abaixo, a notícia e a reportagem disponível na Internet
21/09/2011 - MEC apresenta proposta para deixar aluno mais 20 dias por ano na escola
O ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou nesta quarta-feira (21) em Brasília o resultado de uma pesquisa que levou o MEC a avaliar o aumento de até quatro semanas no calendário letivo da educação básica do país no sistema público e privado. Atualmente, o Brasil tem 200 dias, como prevê a Lei de Diretrizes e Bases (nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) no ano letivo e carga horária de 800 horas. O ministro propõe um amplo debate sobre a ampliação da carga horária escolar para 220 dias ao ano.
“Sempre que o MEC se vê diante de uma evidência forte que algo pode melhorar a partir da descoberta de um estudo temos que perseguir este objetivo”, disse Haddad. O ministro vai discutir a proposta com secretários de educação estaduais e municipais. Ele espera concluir o debate este ano para que a proposta seja encaminhada ao Congresso Nacional em 2012 para votação. “Nenhum país com bom desempenho tem uma carga horária de 800 horas”, disse o ministro. “O Chile tem carga de 1.200 horas por ano e o nosso desempenho hoje é equivalente ao que o Chile tinha no ano 2000.”
A pesquisa coordenada por Ricardo Paes de Barros, subsecretário da Secretaria de Asssuntos Estratégicos da presidência, mostrou que dez dias a mais de aula aumentam em 44% o aprendizado dos alunos e em sete pontos a nota dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Essa melhoria pode ser atingida aumentando a exposição do aluno ao conhecimento.
Segundo o pesquisador, o aumento da exposição pode ser feito com ampliação da jornada diária e com a diminuição das faltas dos alunos e dos professores durante o ano letivo. Mas a alternativa mais atraente, segundo Barros, é a que tem o menor custo. “Em termos de custo é melhor porque na outra alternativa (mais horas/aula por dia ou menos alunos por sala) você precisa aumentar o espaço na escola colocando restaurantes e espaços esportivos.”
A outra variável que provoca melhora é a qualidade do professor. “Tem um enorme impacto entre se consultar um bom ou um mau médico. Com o professor também é assim, mas a gente não valoriza a profissão e deixa o profissional mais experiente migrar para a rede privada”, destacou o pesquisador. Ainda de acordo com ele, o impacto no Saeb com professor experiente seria de 3,3 pontos.

20/10/2011 - 13h20

MEC desiste de aumento de número de dias letivos por ano, diz secretária de Educação Básica
Rafael Targino
Em São Paulo
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Twitter da secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar LacerdaA secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda, anunciou nesta quinta-feira (20) pelo Twitter que o MEC (Ministério da Educação) desistiu da proposta de aumentar de 200 para 220 o número de dias letivos por ano. O "consenso", segundo ela, é "aumentar a carga horária" diária.
De acordo com Maria do Pilar, o texto a ser encaminhado para o Congresso vai propor o aumento na carga horária. Ela citou o exemplo do programa Mais Educação, que permite que escolas tenham até sete horas por dia de aula, mas disse que, a princípio, "podemos começar com 5 h/dia, no mínimo, para todas [as escolas]".
"Apos reunião no MEC no dia 18/10, com professores, alunos, gestores, parlamentares, pesquisadores, ficou claro que não teremos aumento dos dias letivos de 200 para 220. O consenso é aumentar a carga horária diária, e o Legislativo receberá a proposta consensuada nesta reunião e assumida pelo MEC", afirmou a secretária na rede social.
Aprendizado
Um estudo apresentado pelo próprio ministério, em setembro, mostrou que um aumento de dez dias no ano letivo poderia elevar o aprendizado do aluno em até 44% no período de um ano. No entanto, um dos problemas para o eventual aumento no número de dias seria a atual estrutura física das escolas do país.