quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um milhão de pessoas na Avenida Paulista e principais avenidas das capitais brasileiras pela demissão de toda a classe política

Recebi essa mensagem via e-mail com o pedido de divulgar tais ideias.



Um milhão de pessoas na Avenida Paulista e principais avenidas das capitais brasileiras pela demissão de toda a classe política. 12/12/2011
Este e-mail vai circular hoje e será lido por centenas de milhares de pessoas. A guerra contra o mau político, e contra a degradação da nação está começando. Não subestimem o povo que começa a ter conhecimento do que nos têm acontecido, do porquê de chegar ao ponto de ter de cortar na comida dos próprios filhos! Estamos de olhos bem abertos e dispostos a fazer tudo o que for preciso, para mudar o rumo deste abuso.

Todos os ''governantes'' do Brasil, até aqui, falam em cortes de despesas - mas não dizem quais despesas - mas, querem o aumentos de impostos como se não fôssemos o campeão mundial em impostos.
Nenhum governante fala em:

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, 14º e 15º salários etc.) dos poderes da República;

2. Redução do número de deputados da Câmara Federal, e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países sérios. Acabar com as mordomias na Câmara, Senado e Ministérios, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do povo;

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego;

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de reais/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Acabar com o Senado e com as Câmara Estaduais, que só servem aos seus membros e aos seus familiares. O que é que faz mesmo uma Assembleia Legislativa (Câmara Estadual)?

6. Redução drástica das Câmaras Municipais e das Assembleias Estaduais, se não for possível acabar com elas.

7. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas atividades; Aliás, 2 partidos apenas como os EUA e outros países adiantados, seria mais que suficiente.

8. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc.., das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;

9. Acabar com os motoristas particulares 24 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, as ex-famílias...

10. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado;

11. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.;

12. Acabar com o vaivém semanal dos deputados e respectivas estadias em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes;

13 Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós que nunca estão no local de trabalho). HÁ QUADROS (diretores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE CONSULTORIAS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES....;

14. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir aos apadrinhados do poder - há hospitais de cidades com mais administradores que pessoal administrativo... pertencentes Às oligarquias locais do partido no poder...

15. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar;

16. Acabar com as várias aposentadorias por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo LEGISLATIVO.

17. Pedir o pagamento da devolução dos milhões dos empréstimos compulsórios confiscados dos contribuintes, e pagamento IMEDIATO DOS PRECATÓRIOS judiciais;

18. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os ladrões que fizeram fortunas e adquiriram patrimônios de forma indevida e à custa do contribuinte, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controle, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efetivamente dela precisam;

19. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efetivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida;

20. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

21. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu patrimônio antes e depois.

22. Pôr os Bancos pagando impostos e, atendendo a todos nos horários do comércio e da indústria.

23. Proibir repasses de verbas para todas e quaisquer ONGs.

24. Fazer uma devassa nas contas do MST e similares, bem como no PT e demais partidos políticos.

25. REVER imediatamente a situação dos Aposentados Federais, Estaduais e Municipais, que precisam muito mais que estes que vivem às custas dos brasileiros trabalhadores e, dos Próprios Aposentados.

26. REVER as indenizações milionárias pagas indevidamente aos "perseguidos políticos" (guerrilheiros).

27. AUDITORIA sobre o perdão de dívidas que o Brasil concedeu a outros países.
28. Acabar com as mordomias (que são abusivas) da aposentadoria do Presidente da Republica, após um mandato, nós temos que trabalhar 35 anos e não temos direito a carro, combustível, segurança, etc.

29. Acabar com o direito do prisioneiro receber mais do que o salário mínimo por filho menor, e, se ele morrer, ainda fica esse beneficio para a família. O prisioneiro deve trabalhar para receber algum benefício, e deveria indenizar a família que ele prejudicou.

Ao "povo", pede-se o reencaminhamento deste e-mail.
Se tiver mais algum item, favor acrescentar.
TENHO 01 ITEM A ACRESCENTAR SIM:

Até lá!

31. Criminalizar o Nepotismo, demitindo os “padrinhos políticos”, com a obrigatória devolução dos valores “GARFADOS” do Tesouro Nacional
32. Exigir prova de capacitação para candidatos a cargos públicos. Tem vereador que não sabe qual é a sua fnção, assim como deputados, governadores etc. Para ser candidato a qualquer cargo, antes tem que ser aprovados, assim e, concurso, como qualquer cidadão que busca emprego público.

''O QUE ME INCOMODA NÃO É O GRITO DOS MAUS, E SIM, O SILÊNCIO DOS BONS."(Martin Luther King

as 10 melhores cidades para qualidade de vida

Lista da ONU sobre as 10 melhores cidades para qualidade de vida, segundo a pesquisa Mercer:

1 Viena (Áustria)
2 Zurique (Suíça)
3 Auckland (Nova Zelândia)
4 Munique (Alemanha)
5 Dusseldorf (Alemanha)
5 Vancouver (Canadá)
7 Frankfurt (Alemanha)
8 Genebra (Suíça)
9 Berna (Suíça)
10 Copenhague (Dinamarca)
***
23 Buenos Aires (Argentina)
27 Santiago (Chile)

179 Curitiba (Brasil)
6984 Belo Horizonte (Brasil)

7071 Teresina (Brasil)
8455 Bagdá (Iraque)

PROJETO DE LEI: Punição para estudantes

PROJETO DE LEI: Punição para estudantes
Professores: divulguem para nosso bem! Vamos apoiar e divulgar esse projeto. Projeto de Lei 267/11 A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente. A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8..069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante. Indisciplina De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais, que, em muitos casos, acabam sem punição. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: http://primasfalando.blogspot.com/2011/04/camara-analisa-projeto-de-lei-que-pune.html
PASSEM PARA TODOS OS PROFESSORES e cidadãos conscientes dessa nação. Isso é muito sério e importante, juntos temos força e não podemos continuar à mercê de quem não se importa nada conosco.

O Patrimônio Imaterial

Da página do ministério da cultura, sobre o patrimônio imaterial (texto recebido via e-mail)

O Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, reunido em Bali, na Indonésia, aprovou nesta quarta-feira, 23 de novembro, a indicação de inclusão do Ritual Yaokwa, do Povo Indígena Enawene Nawe, do noroeste do Mato Grosso, na Lista de Patrimônio Cultural Imaterial em Necessidade de Salvaguarda Urgente. O pedido para que a manifestação cultural, já protegida no Brasil desde novembro de 2010, passasse a ter também a atenção da Unesco partiu do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. A indicação contou com a anuência da comunidade Enawene Nawe e com o apoio da OPAN – Operação Amazônia Nativa e do projeto Vídeo nas Aldeias.

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, comemorou a votação positiva e ressaltou que a inclusão de mais um bem brasileiro na lista da Unesco "reforça a política do Ministério da Cultura, por meio do Iphan, de permanente renovação da gestão do patrimônio, ampliando a proteção sobre a diversidade cultural, perpetuando bens e costumes de todos os cantos do país". Para o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, essa é mais uma conquista que "valoriza a diversidade do patrimônio cultural brasileiro, mas, acima de tudo, garante a proteção de um ritual sagrado que expressa e dramatiza todo o percurso histórico feito pelos Enawene Nawe". Ele explica ainda que o Ritual Yaokwa é uma "manifestação da memória coletiva e histórica, e a expressão de uma estética da existência, que se produz a partir do uso e manejo dos recursos presentes em seu território de ocupação histórica".

Esta sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial ainda avaliará as candidaturas brasileiras à Lista de Boas Práticas de Salvaguarda, como a Série Cultural Popular Viola Corrêa, a Sala do Artista Popular, a Chamada Pública do Edital do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, o Museu Vivo do Fandango e a Documentação da Língua Poruborá: contribuição para a salvaguarda do patrimônio linguístico.

Este ano, também serão avaliadas pela Unesco 84 candidaturas de todo o mundo para a inscrição na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Atualmente, a lista possui 213 bens inscritos, de 68 países, dentre eles, os bens brasileiros Expressões Orais e Gráficas dos Wajãpi e o Samba de Roda do Recôncavo Baiano. O iphan, em parceria com as comunidades e instituições envolvidas, enviou três candidaturas à Lista Representativa: o Frevo de Pernambuco, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém do Pará, e a Cachoeira de Iauaretê – Lugar Sagrado dos povos indígenas dos Rios Uapés e Papuri, no Amazonas, que já fazem parte dos 23 Bens Registrados como Patrimônio Cultural Brasileiro. No entanto, em função do grande volume de candidaturas recebidas pela Unesco, essas só serão avaliadas em 2012.

Ritual Yaokwa do povo Enawene Nawe

O Ritual Yaokwa é a mais longa e importante celebração realizada por esse povo indígena, atualmente uma população em torno de 540 indivíduos que vive em uma única aldeia, na terra Enawene Nawe, uma área de 742 mil hectares, homologada e registrada, localizada numa região de transição entre o cerrado e a floresta Amazônica, no estado do Mato Grosso. Com duração de sete meses, este ritual define o início do calendário ecológico-ritual Enawene que abrange as estações seca e chuvosa de um ciclo anual marcado pela realização de mais três rituais: Lerohi, Salomã e Kateokõ. Parte fundamental do Yaokwa ocorre quando os homens saem para a pesca de barragem, construídas com sofisticadas armações que se configuram em elaboradas obras de engenharia, dispostas de uma margem à outra do rio. Este é o ponto alto do ritual que começa em janeiro, com a coleta das matérias-primas para a construção das barragens e com a colheita da mandioca. Desde o primeiro contato com a "civilização branca", em 28 de julho de 1974, os Enawene Nawe têm se tornado cada vez mais desconfiados diante das ameaças que os cercam, como madeireiros e garimpeiros, mas principalmente os impactos ambientais causados pela construção de pequenas centrais hidroelétricas que, embora se localizem fora da terra indígena, vêm sendo construídas em locais próximos às cabeceiras dos rios, que são utilizados durante o ritual.

O Patrimônio Cultural Brasileiro

A Constituição Federal de 1988, nos artigos 215 e 216, estabeleceu que o patrimônio cultural brasileiro é composto de bens de natureza material e imaterial, incluídos aí os modos de criar, fazer e viver dos grupos formadores da sociedade brasileira. Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito às práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e nos lugares, tais como mercados, feiras e santuários, que abrigam práticas culturais coletivas. O Iphan é responsável pela proteção desses bens. Atualmente, o Brasil possui 23 bens registrados como Patrimônio Cultural Brasileiro.

domingo, 27 de novembro de 2011

OFICINA IMAGEM E TEXTO NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

OFICINA IMAGEM E TEXTO NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA





O curso tem por objetivo sensibilizar professores da rede pública do município do Rio de Janeiro e alunos de licenciatura e pedagogia para a reflexão e análise sobre as possibilidades do trabalho pedagógico com a imagem e o texto na escola ou nas suas práticas profissionais em geral, sabendo aproveitar as características disponibilizadas pelas diversas tecnologias contemporâneas que suportam e transmitem a imagem e o texto cotidianamente. Utilizando uma abordagem multidisciplinar, trabalharemos com análise e discussão de textos, trechos de filmes e outras produção textuais e imagéticas, bem como com imagens produzidas pelos próprios participantes do curso, durante a sua duração. Em uma sociedade marcada pela circulação e usos de imagens e textos em suportes cada vez mais versáteis e convergentes, pretende-se, por meio do fortalecimento do vínculo entre pesquisa e extensão, contribuir para que a universidade e a escola possam melhor cumprir seu papel de formadora de cidadãos críticos e capacitados a atuarem e a produzirem conhecimento no seu tempo, com os elementos culturais disponíveis em seu entorno.
Público Alvo: professores da rede pública e universitária e alunos de licenciatura e pedagogia. Observação: Os participantes deverão trazer máquina fotográfica com cabo para transferência de imagens.

8/12/2011
14 ÀS 18HS.
Auditório da Decania, Prédio CHCH
Campus Praia Vermelha/UFRJ

Inscrições: itec.imagemetexto@gmail.com

I Colóquio Nacional do Ensino de Filosofia (I CONEF)



Acontecerá nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2011, na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem) e na Faculdade de Educação/Ufba, o I Colóquio Nacional do Ensino de Filosofia (I CONEF), evento que estará reunindo cerca de 400 pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, educadores das redes de ensino pública e particular, para conferências, mesas redondas, oficinas e mini-cursos, em prol de atender às emergentes demandas que permeiam o ensino de Filosofia na Educação Básica.

Trata-se de uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Epistemologia do Educar e Práticas Pedagógicas e do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento (DMMDC), da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em parceria com o GT: Filosofar e Ensinar a Filosofar, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com o financiamento por parte da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A partir da Lei no 11.684/2008, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a filosofia passou a ser uma disciplina obrigatória no ensino médio. Tendo como pergunta de partida “O que queremos com o filosofar na educação básica”, o evento pretende contribuir para abrir espaços de reflexões e diálogos em âmbito regional e nacional, buscando consolidar e ampliar uma prática presente nas atividades desenvolvidas pelos grupos de pesquisas envolvidos na concepção e organização do evento.
Para conhecer a programação detalhada e efetivar sua inscrição, acesse: http://coloquiofilosofarnaeducacaobasica.blogspot.com

POVOAR - corpo política resistência: Seminário da Pós-Graduação em Psicologia


POVOAR - corpo política resistência

Seminário da Pós-Graduação em Psicologia – UFF8 e 9 de dezembro – Campos do Gragoatá.
Porque é da ocupação de espaços que é feita toda ação política que uma palavra chama: povoar. Porque não se trata de fixar seres em lugares antes desabitados, mas de criar a linha que vai dos corpos já predispostos à criação de corpos que juntos descobrem à que se dispõem. Pois trata-se é de criar disposições. Lugares e posturas. Línguas e corpos que ao se inscreverem no espaço escrevem-se a si mesmos. Resistência de uma vida que se reinventa, partilha, povoa, para existir.

Programa do seminário
DIA 08/12 (quinta-feira)

9:00h - Abertura - Márcia Moraes/Coord. da Pós-Graduação em Psicologia - UFF - Aud. 2º
andar Bl. O

9:30h - Conferência com a Profª Denise Sant´Anna - PUC/SP - Aud. 2º andar Bl. O

13:30h - Mesa “Corpo e Mov. Sociais” com Carlo Alexandre Teixeira (Mestre Carlão) - Capoeira Angola Kabula Rio, Rodrigo Lages - UFF e Ary Pimentel - UFRJ - Aud. 2º andar Bl. O

15:30h - Oficina “Resistência e luta; Corpo e anarquismo” com João da Mata - UFF - Sl.
510/Bl. O

15:30h - “Defesa? Prod. de Imagem e Pensamento” - Exibição de vídeos e debates com Catarina Resende, Geraldo Artte, Iacã Macerata e Sandro Rodrigues - Aud. 2º andar Bl. O

DIA 09/12 (sexta-feira)

9:30h - Conferência com o Prof. Jorge Vasconcellos - UFF - Aud. 2º andar Bl. O

11:00h - Exposição "Entre sem bater" e Roda de Conversa - Aud. 2º andar Bl. O

14:00h - Mesa “Escrita de si” com Zeca Fonseca - escritor e jornalista, João Gabriel Lima da Silva e Thiago Franco - UFF - Aud. 2º andar Bl. O

15:30h - Oficina “Corpo e escrita” com Laura Pozzana - UFRJ - Galeria de Arte Bl. O

15:30h - Oficina com Soraya Jorge - Esc. Angel Vianna - Sl. 416/Bl. N

18:00h - Performances e festa de encerramento (Pátio do Bloco O)

- Performace de dança da Esc. Angel Vianna

- ESSE (acontecimento musical com Sando Rodrigues e Alexander Zhemchuzhnikov).

Durante o evento ocorrerá a exposição "Políticas Universitárias: Vida e Invenção de Coletivos" composta por seleção de fotografias do movimento de ocupação do Ministério da Fazenda,em 1996, e de eventos realizados pelo PPG e Especialização em Psicologia da UFF, desde 1995.
- Hall de entrada do Aud. 2º Bl. O

O Seminário "Povoar - corpo política resistência” é organizado por alunos e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFF e será realizado nos dias 08 e 09 de dezembro de 2011, no Auditório do Bloco O, na sala de vídeo (sl. 516) e na Galeria de Artedo Campus Gragoatá, Niterói. A ENTRADA É LIVRE

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Projeto de Lei 267/11

Projeto de Lei 267/11
A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino.Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente.A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante.
Indisciplina
De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais que, em muitos casos, acabam sem punição.
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte:primasfalando.blogspot.com/2011/04/camara-analisa-projeto-de-lei-que-pune.html

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SEMINÁRIO ESCOLA SEM HOMOFOBIA

SEMINÁRIO ESCOLA SEM HOMOFOBIA



Mobilização Nacional por uma Educação Sem Homofobia


Data: 4ª-feira, 23 de novembro de 2011
Horário: 13h30 – 17h30
Local: Câmara dos Deputados, em local a definir


PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR

13h30 – Abertura
· Hino Nacional
· Deputada Fátima Bezerra, Presidente da Comissão de Educação e Cultura
· Representante da Comissão de Legislação Participativa
· Deputada Manuela D’Ávila, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
· Senadora Marta Suplicy, Representante da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT no Senado
· Deputado Jean Wyllys, Representante da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT na Câmara dos Deputados
· Toni Reis, Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
· Yone Lindgren, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
· Keila Simpson, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT

14h – Mesa Escola Sem Homofobia
· Dra. Débora Diniz, pesquisadora do Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero
Tema: “Homofobia: causas e consequências”
· Dra. Miriam Abramovay - coordenadora de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americano de Ciência Sociais
Tema: “Dados da Homofobia nas Escolas”
· Representante da Presidenta da República
· Representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
· Representante do Ministério da Educação

Debate

Moderador(a): Deputada Fátima Bezerra

Entrega das demandas da ABGLT para uma Educação Sem Homofobia

Encerramento


Promoção:
Câmara dos Deputados
- Comissão de Legislação Participativa
- Comissão de Direitos Humanos e Minorias
- Comissão de Educação e Cultura
- ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais


Apoio:
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República


Contatos:

Comissão de Legislação Participativa: clp@camara.gov.br (61) 3216.6692
ABGLT: presidencia@abglt.org.br

Fonte: Câmara dos Deputados
Autor: Equipe Anis
Recebi um e-mail com informaões de um curso que adoraria fazer, mas como estou aqui em Minas e os compromissos em impedem de participar, gostaria de compartilhar essas informações com todos.
Abaixo, transcrevi integralmente todo o e-mail.
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Gostaria de divulgar Evento que estamos participando sobre a obra História da Loucura (1961), de Michel Foucault. Evento cuja realização é em parceria entre a Universidade Federal Fluminense por intermédio seu programa de pós-Graduação em Ciência da Arte/PPGCA-UFF, o SESC-Departamento Nacional e o SESC-SP. Trata-se de obra fundamental às discussões sobre a fundamentação epistemológica do saber médico psiquiátrico, e sobre os processos de exclusão da loucura arrendada que foi à categoria de doença mental quando da alvorada da modernidade ocidental e dos processos de racionalização. Pretendemos problematizar os encaminhamentos desde a obra de Foucault, que está completando 50 anos neste 2011, e a relevância de seus apontamentos no hoje que experimentamos no que tange aos diversos modos de encaminhamento dos serviços de atendimento à saúde mental, os entrecruzamentos do texto foucaultiano com a literatura, as artes, a pedagogia, o pensamento filosófico.

O evento tem dois pólos: um seminário internacional com a participação de 14 conferencistas - que se apresentarão durante 4 dias (29, 30 novembro e 01, 02 de dezembro de 2011), e a gravação de uma série de 16 programas com entrevistas (programas de 26 minutos) com estes conferencistas. Série esta intitulada Diálogos com Foucault: loucura e desrazão, com direção de Eryk Rocha.

Os produtos do evento serão: O livro do evento (a partir das conferências) editado pela Eduff numa tiragem de 3000 exemplares; os 16 programas a serem exibidos no segundo semestre de 2012 em rede nacional pela TV SESC; e 5000 dvd(s) dos programas a serem distribuídos em bibliotecas públicas, na rede SESC, e nos serviços de atendimento a saúde mental - assim como, também, uma parcela deles a ser comercializada.

A coordenação geral do evento é do Prof. Dr. André Queiroz, UFF.

Segue a programação do evento Michel Foucault e os 50 anos de História da Loucura: inflexões, ressonâncias. Encaminho o endereço do blog do evento. Lá tem a programação - o resumo das falas, e o breve currículo dos conferencistas. Endereço do blog: http://eventofoucault.blogspot.com/
PS: Inscrições abertas!
Peço divulgar!

Cordialmente,

Seminário Internacional Elementos Materiais da Cultura e Patrimônio

Seminário Internacional Elementos Materiais da Cultura e Patrimônio

A moderna antropologia de uma discreta feminista




A moderna antropologia de uma discreta feminista Livro reúne textos
acadêmicos de Ruth Cardoso, que começou sua carreira nos anos 1950 com um
estudo pioneiro sobre imigração japonesa

12 de novembro de 2011 | 6h 00
Antonio Gonçalves Filho - O Estado de S. Paulo

Para definir a modernidade da antropóloga e professora paulista Ruth
Cardoso (1930-2008), casada com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
por 55 anos, sua aluna Teresa Pires do Rio Caldeira, hoje lecionando na
Universidade de Berkeley, EUA, recorre a uma frase do filósofo francês
Michel Foucault (1926-1984): ela, como todos os modernos, sentia compulsão
por se inventar. Talvez por isso, poucos tenham conseguido acompanhar o
ritmo camaleônico de alguém que, segundo a organizadora do livro *Ruth
Cardoso - Obra Reunida*, agora lançado pela Editora Mameluco, "criou um
espaço de reflexão e interrogação do presente para forçar limites, procurar
alternativas". Ruth conservou-se assim: foi uma feminista de primeira hora,
incentivadora de outros movimentos sociais emergentes nos anos 1970,
nascidos entre descendentes de escravos, favelados e homossexuais, sem medo
de provocar os conservadores, mesmo quando assumiu - contra sua vontade - a
condição de primeira-dama do Brasil.
[image: Antropóloga. Ruth Cardoso nos anos 1970 - Arquivo Ruth
Cardoso/Fund. IFHC]
Arquivo Ruth Cardoso/Fund. IFHC
Antropóloga. Ruth Cardoso nos anos 1970

Com a chegada do marido à Presidência, ela investiu contra a herança
getulista do assistencialismo (ou clientelismo), ao extinguir a LBA (Legião
Brasileira de Assistência) e inventar o Comunidade Solidária, projeto
conduzido com a ajuda de empresários e apoiado pelo governo para enfrentar
a pobreza e a exclusão social. O fim da LBA provocou polêmica.
Anteriormente, em 1994, quando FHC fazia alianças visando à Presidência,
ela já havia provocado o establishment político ao imprecar contra Antonio
Carlos Magalhães. O episódio é lembrado na biografia da antropóloga, *Ruth
Cardoso - Fragmentos de uma Vida* (Editora Globo) pelo autor Ignácio de
Loyola Brandão, colunista do *Caderno 2*: "Ruth, certo dia, afirmou
publicamente não entender como o marido se aliava a um político como ACM,
figura que trazia todos os vícios do autoritarismo e da prepotência da
ditadura". A explicação: o poder do baiano, capaz de manter a aliança
PFL/PSDB.

Ruth Cardoso, que insistia em se manter autônoma e apartidária, parou de
falar mal de ACM. Em contrapartida, um dos seus primeiros atos como
primeira-dama foi levar para Brasília antigas companheiras da batalha
feminista para fortalecer o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher,
estrutura básica da Secretaria de Políticas para as Mulheres, criada em
2003. Em *A Mulher e a Democracia*, um dos textos selecionados por Teresa
Caldeira para o livro, ela afirma que o processo de democratização da
sociedade passa necessariamente pela ideia da igualdade entre os sexos.

A luta por uma relação simétrica entre homens e mulheres, defendia a
antropóloga, não se dava na porta dos sindicatos nem nas sedes de partidos,
formas rotineiras (e manipuladoras) de fazer política, segundo ela. A
dificuldade para as mulheres penetrarem nesse mundo, escreve, eram enormes
- pelo menos eram quando o texto foi produzido, em 1987 - e por isso o
movimento feminista teria um caráter exemplar entre todos os outros
nascidos depois do histórico Maio de 1968.

"O trabalho intelectual de Ruth não se dissociava da intervenção no debate
político, no qual se engajava como antropóloga", diz Teresa Caldeira no
livro que reúne parte de sua produção acadêmica, mais de meio século de
trabalho intelectual que exigiu da discípula três anos de pesquisas para
selecionar os textos - o mais antigo de 1959 e o mais novo, de 2004. O
primeiro, é, além de tudo, um estudo pioneiro e original sobre a imigração
japonesa no Brasil, tema de sua tese de doutorado (de 1972), publicada em
1995 (pela editora Primus). O volume organizado por Teresa Caldeira reúne,
pela primeira vez, os artigos acadêmicos da antropóloga em forma
cronológica. Como o objetivo era apresentar o pensamento crítico, autoral,
de Ruth Cardoso, ele só não contempla a produção da época em que ela ocupou
o posto de primeira-dama, justifica a organizadora. Foi um período em que,
mais discreta do que nunca, a antropóloga evitou expor publicamente suas
opiniões.

Seis textos do livro são inéditos em português. Alguns foram produzidos um
ou dois anos antes do exílio forçado do casal Cardoso no Chile e na França,
após o golpe militar de 1964. São poucos. A maioria dos textos foi
produzida nas décadas de 1970 e 1980, quando, novamente fixados no Brasil,
a professora recebia encomendas de artigos ou convites para participar de
seminários como As Mulheres e as Políticas Alimentares (França, 1985).
Todos esses escritos ficaram aos cuidados do sociólogo, historiador e
sócio-fundador da Mameluco, Jorge Caldeira, encarregado da missão de
digitalizar todo o acervo da antropóloga, trabalho que começou duas semanas
após sua morte e resultou na descoberta de diversos cadernos que traziam
anotações de suas pesquisas de campo. A irmã do editor organizou esses
textos, separando versões preliminares das finais.

Atenção especial merecem os artigos escritos em parceria com a antropóloga
e cientista política Eunice Ribeiro Durham. Ela escreve um depoimento
emocionado sobre a influência que Ruth exerceu em sua formação, destacando
seus múltiplos interesses culturais (cinema, filosofia, literatura,
história, teatro). "Eu admirava muito e invejava um pouco essa minha
colega", admite Eunice, lembrando como as duas inventavam e adaptaram novos
métodos didáticos trabalhando com estudantes. A amiga Ruth, "que conhecia o
marxismo bem melhor que eu", realizou - com sucesso, segundo Eunice - o
casamento da sociologia com a ciência política. No livro, o mais ambicioso
texto escrito pelas duas analisa o processo acelerado de urbanização (em
1977) e o desequilíbrio provocado pela migração interna no Brasil.

Um ano depois, a antropóloga ousaria ainda mais, avançando no campo
sociológico para desafiar o discurso dominante ao falar da marginalização
da população trabalhadora em países de industrialização tardia. Em
pesquisas de campo junto a trabalhadores favelados de São Paulo, quase
todos migrantes, Ruth descobriu que eles não se viam como marginais -
esses, para os entrevistados, eram os "vagabundos" ou doentes, os
verdadeiros excluídos da sociedade. Recorrendo a Richard Hoggart, que
definiu os trabalhadores de Leeds como crentes na evolução contínua da
sociedade industrial (embora nem tanto na ascensão social), a antropóloga
afirma que os favelados paulistanos acreditavam ainda mais na mobilidade
social que os operários ingleses.

Hoggart, acadêmico inglês cuja participação no julgamento de *O Amante de
Lady Chatterley* foi decisiva para a liberação de obra de D.H. Lawrence,
desconfiava (já em 1957) que a cultura de massas iria impor novos padrões
de comportamento e fortalecer preconceitos sociais. Ruth Cardoso detecta,
de fato, num ensaio sobre consanguinidade e educação em famílias de
favelas, que uma favelada negra havia adotado um bebê branco, dispensando
todo carinho e atenção a ele, enquanto desprezava os dois filhos
biológicos. Contra o discurso politicamente correto, a antropóloga
demonstra que a adoção nas classes urbanas menos favorecidas seguia, para
falar o mínimo, uma lógica um tanto perversa.

"Mais que Lévi-Strauss, cujos seminários frequentou nos anos 1960 e foi uma
influência importante, Hoggart e Paul Willis inspiraram muito essas
análises das entrevistas com residentes em favelas", observa Teresa
Caldeira. "Importava a ela qual a relação que o entrevistado tinha com
essas falas pesquisadas", diz a organizadora, acenando com um segundo
volume para abrigar textos que ficaram de fora no livro. Professora e
orientadora dedicada, segundo ela, Ruth Cardoso chegou a visitar a aluna
diversas vezes em São Miguel Paulista, bairro em que se fixou para escrever
sua tese.

Graças a esse corpo a corpo com a vida nas periferias, os meios de
comunicação de massa e os jovens passam a ser seus "temas estratégicos para
entender as mudanças políticas e culturais" nos anos 1970. "Ela era contra
o conceito de subcultura, queria mostrar como os favelados estavam a par de
tudo e sempre foi uma feminista convicta, fascinada pelo seriado *Malu
Mulher*, de Regina Duarte, justamente por forçar os limites e ter,
surpreendentemente, uma imensa aceitação pública", diz Teresa Caldeira.

Ruth Cardoso
7/7

http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,a-moderna-antropologia-de-uma-discreta-feminista,797569,0.htm

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Em nome de Deus (The Magdalene Sisters)



No dia 08 de novembro de 2011, participei a convite da professora Adla B. M. Teixeira, coordenadora do GSS, do evento Cinema no GSS: apresentação e discussão do filme Em Nome de Deus. Fui um dos debatedores. A experiência foi extremamente gratificante. O texto abaixo contém as ideias principais da minha fala.



Em nome de Deus (The Magdalene Sisters)
Ronaldo Campos
O filme Em nome de Deus (The Magdalene Sisters) foi baseado em fatos reais que foram apresentados pela primeira vez no documentário produzido para o Channel 4 e intitulado Sex in a Cold Climate (1998, direção: Steve Humphries, 50min). Quando da sua exibição causou um forte impacto em todos que o assistiram, inclusive em Peter Mullan que, depois de entrevistar ex-cativas dos reformatórios, escreveu e dirigiu Em Nome de Deus, em 2002, na Irlanda. No mesmo ano, foi o grande vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, conquistando crítica e público, mas também enfrentou a ira da Igreja Católica que não concordava com o modo negativo como as freiras e o catolicismo são retratados.




O título original The Magdalene sisters poderia ter sido traduzido literalmente como “As Irmãs de Maria Madalena”. Há aqui uma referência direta à figura bíblica de Maria Madalena, a prostituta que teria lavado os pés de Jesus Cristo e conseguiu se redimir, pagar pelos seus pecados na terra e entrar no reino do céu. E Magdalene é também o nome dado aos asilos-reformatórios (no original, Magdalene asylums) que recebiam moças desviadas e marginalizadas socialmente. Esses asilos, chamados de lares Madalena, na Irlanda, eram de responsabilidade das Irmãs da Misericórdia, em nome da Igreja Católica. Trinta mil mulheres passaram por esses reformatórios. Muitas viveram e morreram esquecidas pelos seus familiares e pela sociedade nesses Lares.
Sem ser uma obra tão rude e perversa como Dogville (2003), do dinamarquês Lars Von Trier, o trabalho de Mullan, apesar de ser bastante linear, tem conteúdo forte o suficiente para provocar naquele que assiste o sentimento de indignação frente aos abusos provocados por um sistema desumano controlado e dominado pela ideologia cristã de mulheres celibatárias.
O diretor nos apresenta três jovens mulheres que foram internadas numa destas casas no ano de 1964: Margaret (Anne-Marie Duff), Bernadette (Nora-Jane Noone) e Rose (Dorothy Duffy). Na Introdução do filme, descobrimos os crimes cometidos por elas: Margaret foi condenada por ter sido estuprada pelo primo e não esconder o fato dos pais e da sociedade; Bernadette, uma moça muito bonita que atrai os olhares masculinos, não se preocupou em esconder sua beleza e sensualidade; Rose contrariou os costumes conservadores e engravidou antes do casamento (ela é obrigada a entregar o seu filho para adoção e não tinham o direito nem de dar adeus a ele e muito menos manter qualquer tipo de contato).
Portanto, para ser internada num dos Lares Madalena bastava ser mãe antes do casamento, ser bonita\sensual (e ter consciência do fascínio que essa sensualidade provoca nos homens) ou feia demais, retardada mentalmente\ignorantes ou inteligentes, ou vítimas de estupro, em fim, bastava ser mulher e agir de forma oposta as regras socialmente estabelecidas. Por tais crimes e pecados, elas trabalhavam 364 dias por ano (só descansavam na noite de natal), sem qualquer tipo de remuneração. A irmã Bridget era a chefe de todos, e ela punia as meninas se falassem com alguém de fora, se tentassem fugir, se desobedecessem as irmãs e se conversassem durante o trabalho. Trabalhavam o dia inteiro e comiam uma comida bem inferior a das irmãs. Além disso, eventualmente, algumas delas eram obrigadas a prestar certos “favores” sexuais ao padre.
Essas moças viviam um verdadeiro inferno, pois, eram mal alimentadas, surradas, humilhadas, estupradas, e seus filhos levados à força. A história dessas mulheres evoca atos, aspectos e ideias de tempos remotos: a história delas é apresentada como se fosse um terrível pesadelo com matizes inspirados nos atos do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição). Toda dor ou sofrimento não é percebido. Essas moças foram esquecidas e abandonadas a sua própria sorte. E a sociedade irlandesa por sua vez age como se fosse um pendulo ora oscilando entre um silencio cruel ora apoiando ativamente o estado teocrático (esse apoio ocorre quando uma dessas moças foge para casa e o pai a traz de volta de maneira truculenta e aos berros avisa que ela não tem mais família).
O curioso dessa história é que as freiras não tinham poder legal para enclausurar as meninas, as freiras o faziam porque ninguém as desafiou. Há uma cena que um homem que procura a irmã por quatro anos, entra no asilo-reformatório munido apenas por uma carta de um padre e leva a moça de volta para casa sem ter que fazer praticamente nada (não há nenhuma burocracia para retirá-la)
Como explicar atitudes tão reacionárias, em plena década de sessenta que é por muitos considerada como o período de uma incontestada revolução\liberação feminina? Como entender (e aceitar) que na Irlanda, a população era obrigada a conviver com tamanho desrespeito às minorias e às mulheres?
É sabido por todos que a Irlanda vive um sério conflito de base fundamentalista cristão. Lá católicos estão em conflito com os protestantes e esse impasse já produziu várias guerras e inúmeros de atos terroristas. Provavelmente, todo esse conservadorismo (reacionário) religioso era potencializado por questões econômicas inerentes a um país pobre (dividido e em “guerra interna”), que enfrentou longos períodos de fome em massa e de grande contingente de desempregados que por sua vez contribuíram para a formação de uma sociedade conflituosa, cheia de ranços. de comportamentos agressivos, repugnantes e intolerantes, que se apegou ao fundamentalismo religioso (católico-cristão) como válvula de escape.
O que pode nos levar a compreender a persistência de atitudes tão reacionárias é justamente a motivação econômica por detrás de todo discurso moralizante presente na sociedade irlandesa de meados dos anos sessenta do século passado. Torna-se interessante observar a cena em que as três jovens chegam ao reformatório e são apresentadas a irmã Bridget. Nessa cena, o diretor utiliza uma montagem que “brinca” com aquilo que se diz e aquilo que se faz nos Lares Madalena, ou seja, ao mesmo tempo que a irmã explica através de um discurso com forte teor religioso todas as motivações da sua instituição filantrópica, a câmera nos mostra o que ela faz e o que motiva (e garante) a existência de tal instituição católica: a madre separa, conta e guarda uma grande quantidade de dinheiro que foi obtida graças ao trabalho compulsório dessas moças desviadas e marginalizadas socialmente.
A origem desses asilos-reformatórios remonta ao século XVIII. Em território irlandês, o primeiro foi criado para crianças protestantes em Leeson Street, em Dublin, no ano de 1765. Na Irlanda, a Igreja Católica se apropriou da missão de conduzir esses asilos-reformatórios logo após a emancipação católica em 1829. Inicialmente, essas instituições eram destinados a serem refúgios de curto prazo para mulheres de moral duvidosa. Mas com o tempo foram se transformando em instituições de longo prazo, onde as residentes eram obrigadas a trabalhar em lavanderias para garantir a manutenção das casas. Os lares Madalena eram casas autossuficientes que não recebiam recursos e nem eram financiadas pelo poder estatal ou por denominações religiosas.
A ideia de resgate e reinserção social (conseguir trabalho para as ex-prostitutas) foi gradativamente abandonada e os asilos se tornaram verdadeiras prisões para qualquer tipo de mulher que era considerada (ou “classificada”) como uma “mulher caída”. (termo usado para indicar a promiscuidade sexual e o caráter moral inadequado, semelhante ao das prostitutas). Contudo, o período que o filme retrata, as motivações religiosas se tornaram secundárias, evidenciando que esses lares-reformatórios permaneciam muito mais por questões econômicas. As internas eram submetidas a todo tipo de tortura e trabalho forçado em lucrativas lavanderias. Esse tipo de estabelecimento começou a dar sinais de enfraquecimento no final dos anos 70, com o surgimento das máquinas de lavar doméstica, quando inúmeros dos seus clientes deixaram de utilizar os serviços das freiras, o que fez com que paulatinamente os lares Madalena foram deixando de existir. Na década seguinte, sem tantas encomendas e com grande dificuldade em conseguir mão-de-obra (quase) escrava, pois as mulheres finalmente passaram a conhecer os seus direitos. Mesmo assim, as lavanderias foram mantidas com o trabalho de mais ou menos cinquenta mulheres até o dia 25 de setembro de 1996.
Desde 2001, o governo irlandês reconheceu que as mulheres na Lavandarias da Madalena foram vítimas de abuso, mas esse mesmo governo se recusa a realizar investigações mais aprofundadas e indenizar todas a vítimas afirmando que os lares e lavanderias Madalena eram geridas pela iniciativa privada, assim todos os abusos estariam fora da competência governamental.
Em nome de deus não foi a única reação de indignação gerada após a descoberta de tantos abusos. Outros filmes, livros, músicas, peças teatrais e poemas também foram produzidos nesses últimos anos. O filme de Peter Mullan provavelmente foi o que teve a maior repercussão. Um dos motivos do êxito desse diretor (que também é ator e roteirista) está na sua irreverência e na ausência de concessões.
Nessa atmosfera claustrofóbica (emoldurada por uma fotografia escura, onde predominam os tons marrons e ocres), há ainda espaço para momentos de poesia e delicadeza, como por exemplo, na cena da sessão de cinema apresentada no dia de natal. Mulla presta uma nostálgica homenagem a própria história do cinema, quando exibe Os sinos de Santa Maria (The bells of St. Mary´s, direção: Leo McCarey, 1945). Após a apresentação dos créditos iniciais desse filme, deparamos com a beleza clássica da atriz sueca Ingrid Bergman. Ela ficou famosa em Hollywood por filmes como Casablanca, Joana D´arc, À meia luz, Anastácia, a princesa esquecida, entre outros.
Mas, a escolha desse filme dentro do filme não foi aleatória. Ingrid Bergman pode representar a mulher que cai em tentação e consegue ser reabilitada. Isso pode ser explicado da seguinte forma: em 1948, ela conheceu os filmes do diretor italiano Roberto Rosselini (Roma, cidade aberta e Paisá) e através de uma carta, se colocou a disposição do diretor para trabalhar em seus próximos filmes. Essa ligação profissional se tornou pessoal. Mas ambos ainda eram casados quando Ingrid ficou gravida de Rosselini. Essa relação e esse filho fora do casamento provocou um grande escândalo nos Estados Unidos e Ingrid pagou caro por suas atitudes. Ela que antes era vista como um exemplo de comportamento e como uma das mulheres mais bem casadas do cinema, passou a ser considerada uma pecadora, pois, na década de quarenta, mesmo que o seu casamento fosse de fachada o importante era manter a moral aparente. Ou seja, o público que tinha se acostumados a vê-la como freira ou santa, não aceitou o fato dela engravidar de um outro homem quando ainda estava casada com o primeiro marido. Para os americanos, seu comportamento era imperdoável. Além de massacrada pela Igreja, sofreu duras críticas da imprensa, foi proibida de ver sua filha mais velha (Pia, de 10 anos de idade) por mais de um ano, seus fãs a chamavam de vagabunda e até um senador chegou a declarar que a atriz era “uma poderosa influência do mal” para a América, foi denunciada como pecadora no próprio congresso americano e durante anos ficou proibida de voltar à América.
Mas, diferentemente, da atriz sueca que retorna triunfalmente para Hollywood (e é “perdoada” pelo público, crítica e indústria cinematográfica) em 1956 com o filme Anastácia, a princesa esquecida, que lhe garantiu o seu segundo Oscar (o primeiro foi o de melhor atriz em 1944 com À meia luz e o terceiro agora como atriz coadjuvante em 1974 com o filme Assassinato no Orient Express), as mulheres do asilo Madalena nao conseguem escapar. E mesmo quando encontram o portal aberto elas não sabem o que fazer (como agir) com a liberdade. Afinal de contas foram longos anos de muito sofrimento, de privação e de anulação da sua humanidade. Elas se tornaram objetos sem vontade própria. Esse processo de coisificação é mostrado de forma evidente na cena em que as irmãs mandam que elas tirem a roupa e se alinhem em fila. É, nessa posição, que tem início um jogo perverso de humilhação e submissão, onde as irmãs de caridade promovem um concurso para decidir qual tem os maiores e os menores seios, a mais peluda, o maior bumbum. Cada escolha não tem por objetivo valorizar o que é mais bonito ou mais harmônico. As moças vão se sentindo cada vez mais deslocadas como monstros anormais condenados para sempre ao escarnio de toda a sociedade.


Assim, quando os créditos finais aparecem (mesmo que algumas garotas conseguiram fugir desse pesadelo e reconstituir a sua vida) ficamos com a impressão de que no mundo que nasceu sob a égide a revolução francesa os direitos inalienáveis ainda são um luxo para a maioria da população. Quantas mulheres, crianças, gays e outras minorias ainda são condenados simplesmente por serem (ou agirem de forma) diferente daquela que está socialmente estabelecida.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

poesia brasileira



“Sentimento do Mundo”

Carlos Drummond de Andrade

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.



Memória
Carlos Drummond de Andrade

Amar o pmeerdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Infância
Carlos Drummond de Andrade

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé



Despedida
Cecília Meireles
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.


O ano passado

Carlos Drummond de Andrade

O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passadas.
As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.
Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.
E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.

O passado não reconhece o seu lugar: esta sempre presente.
Mário Quintana
____________________________________________________________


A arte de ser feliz
Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Mundo grande

Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.
Aninha e suas pedras
Cora Coralina


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

domingo, 6 de novembro de 2011

Simmel | A vida mental na metrópole contemporânea

Simmel | A vida mental na metrópole contemporânea


Como será que Georg Simmel, um dos pais da Sociologia, veria nossas atuais cidades? O que ele teria a dizer sobre seus processos de socialização, interação social e sobre as novas formas de individuação? O INCT Observatório das Metrópoles realiza, nos dias 17 e 18 de novembro, o seminário “Simmel – a vida mental na metrópole contemporânea” com o propósito de refletir, a partir das teorias do pensador alemão, sobre a formação dos indivíduos em meio à cultura urbana. O encontro é uma iniciativa dos editores da revista eletrônica e-metropolis.

Georg Simmel foi um pensador peculiar. Da vida urbana, passando pelo amor, o dinheiro, a moda e a cultura, suas considerações atravessam um vasto campo de assuntos. Em comum entre eles, porém, há a questão a partir da qual se desenvolve a maior parte da sua obra: “Como é possível a sociedade?”.

A esta pergunta tão ampla se pode creditar uma espécie de fio condutor sobre temas os quais o pensador se debruçou, ajudando a chegar a uma resposta para a questão que aqui se coloca: “Como é possível Simmel?”, ou seja, como foi possível a este pensador unir interesses aparentemente tão divergentes em torno de uma mesma questão: a investigação sobre as nuances da vida social nas cidades.

Para a professora Luciana Andrade (PUC Minas), uma das organizadoras do seminário, a obra “A metrópole e a vida mental, publicada pelo sociólogo alemão em 1903, parece dizer mais sobre as metrópoles atuais do que sobre a Berlim do início do século XX. “É essa atualidade que tanto surpreende e isso é tão mais importante quando consideramos a profundidade das transformações ocorridas na vida urbana no último século. Afinal, apesar das mudanças, a obra de Simmel não perdeu a capacidade e o vigor de interrogar sobre o presente. Voltar a Simmel é também importante uma vez que nos ajuda a distinguir o que é novo daquilo que apenas se faz de novo. Afinal, os laços fracos, os individualismos (sempre no plural), a ambígua liberdade pela reserva, o distanciamento que não é indiferença, mas muitas vezes antipatia ou mesmo ódio pelo outro, já estavam todos lá”, afirma a professora.

O seminário contará com pesquisadores de diferentes campos do conhecimento que terão como desafio pensar a metrópole contemporânea – com a sua complexidade cultural, social e política – em diálogo com a obra de Simmel.

Mais informações: http://www.observatoriodasmetropoles.net/simmel/

Seminário: Simmel – a vida mental na metrópole contemporânea
Local: Auditório IPPUR/UFRJ - Av. Pedro Calmon – Prédio da Reitoria – 5º andar
Data: 17 e 18 de novembro de 2011
Horário: 9h às 17h

Programação - 17.11.11 (quinta-feira)
09:00 às 10:00 - Mesa de abertura - Coordenação do IPPUR e Organizadores
Por que Simmel? Indagações desde um programa de pesquisa - Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro
10:00 às 10:45 - A cidade perversa e o esgotamento do prazer - Olgária Matos
10:45 às 11:30 - As novas condições do mal – estar na cidade contemporânea. - Joel Birman
11:30 às 12:30 – Debate
14:00 às 14:45 - La vie de l’esprit face à l’accélération et l’illimitation dans les grandes villes contemporaines - Claudine Haroche
14:45 às 15:30 - Civilidade e cidadania. Uma releitura de A metrópole e a vida mental de Georg Simmel - Stella Bresciani
15:30 às 17:00 – Debate

18.11.11 (sexta-feira)
09:00 às 10:00 - Metrópole e ruína: Georg Simmel e a estética urbana - Carlos Fortuna
10:00 às 10:45 - A insuportável indiferença. Indo ao cinema em companhia de Georg Simmel - Eliana Kuster
10:45 às 11:30 - Na selva das cidades: um ‘blasé’ e três ‘voyeurs’. Simmel, Hopper, Hitchcock e Vettriano - Robert Pechman
11:30 às 12:30 – Debate
14:00 às 14:45 - Esboço sobre uma teoria da catástrofe - Luiz Nazário
14:45 às 15:30 - Do ritmo ao sentido: uma aproximação da vida urbana. Belo Horizonte 1890/1970 - Myriam Bahia Lopes
15:30 às 17:00 – Debate

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Apontamentos para uma história da antropologia cultural

Apontamentos para uma história da antropologia cultural

Ronaldo Campos





Para a atual pesquisa científica, a abordagem antropológica é uma das mais fecundas e promissoras, visto que nos permite revelar o cotidiano dos povos de acordo com o seu sistema cultural sem romper com os laços sociais inerentes de cada um. O olhar sobre essas maneiras típicas de apreender o mundo torna possível desvendar o particular de cada fato que possibilita a nossa aproximação das práticas próprias de cada grupo com os olhos dos homens de então, descentrando o nosso olhar e despojando dos condicionamentos históricos-ideológicos, dos maneirismos racionalistas e fantasiosos. E nas páginas que se seguem pode-se constatar o processo de estruturação da Antropologia como ciência autônoma.
A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um saber é algo tão antigo quanto à própria humanidade, e ocorreram nos quatro cantos do mundo. Por exemplo, muito antes da constituição da antropologia como ciência (aproximadamente quatro séculos antes de Cristo) Confúcio diz que “A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados” . O que significa que o homem não precisou de um saber constituído para interrogar-se sobre si mesmo. Pois, em todas as sociedades existiram homens que observavam homens e que elaboraram formas de explicação para as diferenças e semelhanças entre eles e os outros, onde poderia ocorrer a negação ou a afirmação da condição humana do grupo observado. Ou seja, no decorrer da História da humanidade tentou-se descobrir a chave do enigma que explicaria o motivo de termos na espécie humana lado a lado uma unidade biológica da espécie e uma grande diversidade cultural.
Nos próximos paragráfos, seguirei o percurso proposto por Laraia no seu livro Cultura – um conceito atropológico, e procurarei observar de modo claro o fato que grande parte das teorias elaboradas não conseguiu explicar tal dilema em toda a sua extensão. Assim, contrariamente a muitas das teorias, podemos afirmar as características biológicas não são determinantes das diferenças culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França (se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado), ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores dos franceses. Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra. A espécie humana se diferencia anatômica e filologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso dizer que as diferenças de comportamentos existentes entre as pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente. As distinções entre os sexos é fruto de um aprendizado, que é gerado a partir de um processo que chamamos de endoculturação (processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a infância até à idade adulta).
Tentou-se também explicar as diferenças culturais entre os povos a partir das variações climáticas e geográficas, isto é, através de um determinismo geográfico considerava-se que as diferenças do ambiente físico condicionam (e/ou determinam) a diversidade cultural. Marco Pólo afirma que:
Os povos do sul têm uma inteligência aguda, devido à raridade da atmosfera e ao calor; enquanto os das nações do norte, tendo se desenvolvido numa atmosfera densa e esfriados pelos vapores dos ares carregados, têm uma inteligência preguiçosa.

E Jean Bodin por sua vez nos diz que

“Os povos do norte têm um liquido dominante de vida o fleuma, enquanto os do sul são dominados pela bílis negra. Em decorrência disso, os nórdicos são fieis, leais aos governantes, cruéis e pouco interessados sexualmente; os do sul são maliciosos, engenhosos, abertos, orientados para a ciência, mas mal adaptados para as atividades políticas.

Entretanto, tais teorias que criadas no século XIX, ganharam muita popularidade esbarram numa constatação como pode haver uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico. Um bom exemplo, são o lapões e os esquimós. Eles vivem em ambientes muito semelhantes – os lapões (no norte da Europa) e os esquimós (no norte da América). Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes: os esquimós constroem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colméia e forram a casa por dentro com peles de animais, com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido e quando quererem se mudar, o esquimó abandona a casa levando apenas suas coisas e constrói um novo iglu; por sua vez, os lapões vivem em tendas de peles de rena, quando desejam se mudar, eles têm que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local. Eles criam renas, enquanto os esquimós apenas caçam renas.
Este exemplo e tantos outros os quais podemos recorrer servem para mostrar as diferenças de comportamentos entre os homens não podem ser explicadas através das diversidades somatológicas ou mesológicas. Tanto o determinismo geográfico como o determinismo biológico é incapaz de resolver tal dilema proposto inicialmente. As diferenças existentes entre os homens não podem ser explicadas a partir das limitações impostas pelo meio ambiente ou pelo seu aparato físico, visto que a grande qualidade do homem foi a de romper com as suas próprias limitações. Pois, caso contrário, como explicar a seguinte pergunta: “Será que o sol que brilhou para os livres gregos e romanos emitem diferentes raios sobre os seus descendentes?”

2. A Cultura e Antropologia
No final do século XVIII e no início do XIX. O termo cultura surge a partir da síntese de dois termos feita por Edward Tylor: o termo germânico Kultur, que era usado para simbolizar tosos os aspectos espirituais de uma comunidade, e a palavra francesa Civilization referia-se às realizações materiais de um povo.
Edward Tylor sintetizou o significado desses dois termos no vocábulo inglês Culture que tomando o seu sentido etnológico é um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
Tylor foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como é utilizado atualmente. Na verdade, ele formalizou uma idéia que vinha crescendo desde o iluminismo. John Locke, em 1690, afirmou que a mente humana era uma caixa vazia no nascimento, dotada de capacidade ilimitada de obter conhecimento, através do que hoje chamamos de endoculturação, Tylor enfatizou a idéia do aprendizado na sua definição de cultura. John Locke, no seu livro Ensaio sobre o entendimento humano, 1690, demonstrou que a mente humana não é mais que uma caixa vazia por ocasião do nascimento, dotada apenas da capacidade ilimitada de obter conhecimento, através da endoculturação. Ele refutou fortemente a crença de que princípios e verdades são inatos, impressos hereditariamente na mente humana, ao mesmo tempo em que O homem é um ser predominantemente cultural. Graças à cultura, ele superou suas limitações orgânicas. O homem conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento biológico relativamente simples. Por exemplo, Um esquimó que deseje morar num país tropical, adapta-se rapidamente, ele substitui seu iglu e seus grossos casacos por um apartamento refrigerado e roupas leves – enquanto o urso polar não pode adaptar-se fora de seu ambiente. Em suma, a cultura é o meio de adaptação do homem aos diferentes ambientes. Ao invés de adaptar o seu equipamento biológico, como os animais, o homem utiliza equipamentos extra-orgânicos. Por exemplo, a baleia perdeu os membros e os pêlos e adquiriu nadadeiras para se adaptar ao ambiente marítimo. Enquanto a baleia teve que se transformar ela mesma num barco, o homem utiliza um equipamento exterior ao corpo para navegar.
O projeto de uma ciência do homem (uma ciência que toma o homem como objeto de conhecimento, e não mais a natureza) é algo muito recente. Podemos localizar o “início” desse a partir do avanço da colonização e das viagens do século XVIII quando os europeus passaram a manter contato com outros povos e a incluí-los na reflexão sobre a evolução da humanidade. Várias maneiras de interpretar a evolução humana surgiram; dentre elas, as versões monogenistas e poligenista. A monogenia, seguindo a idéia de "perfectibilidade" defendida por Rousseau, considerava a evolução da humanidade um gradiente que ia desde o estágio menos avançado (primitivo) ao mais avançado (civilização). As dissimilitudes entre os entre os homens eram consideradas provas dos diferentes estágios pelos quais passavam no seu processo evolutivo. Essa forma de interpretação foi adotada pelos etnólogos na reconstrução do passado dos povos "primitivos". A poligenia considerava que os diferentes centros de criação explicavam as diferenças físicas e morais entre os homens. Os poligenistas acreditavam que mesmo que tivessem ancestrais comuns, os homens diferenciaram-se tanto num dado momento que não restou a possibilidade de cruzamento sem que dele resultasse degeneração.
No inicio, a Antropologia precisava adquirir legitimidade entre as outras disciplinas cientificas. O que ocorreu na segunda metade do século XIX, durante o qual a antropologia se atribui objetos empíricos autônomos: sociedades (ditas) primitivas, ou seja, exteriores às civilizações européias ou norte-americanas. Supunha uma dualidade radical entre o observador e seu objeto. Para que haja uma experimentação possível é necessária uma separação entre sujeito observante e o objeto observado: esta é obtida na física (como na biologia, botânica ou zoologia) pela natureza suficientemente diversa dos dois termos presentes; na história, pela distância no tempo que separa o historiador da sociedade estudada; na antropologia, em uma distância definitivamente geográfica. As sociedades estudadas pelos primeiros antropólogos são sociedades longínquas às quais são atribuídas as seguintes características: dimensões restritas; pouco ou nenhum contato com grupos vizinhos; tecnologia precária ou nenhum tipo de tecnologia moderna; inexistência de especialização das atividades e funções sociais. São qualificadas simples, em conseqüência, elas irão permitir a compreensão, como numa situação de laboratório da “complexa” organização da nossa sociedade. Entretanto, esse objeto inicial da Antropologia (as populações não pertencentes à civilização ocidental), começa a desaparecer, pois com a instalação, nos países industrializados e desenvolvidos, de uma dinâmica da modernidade que cria um novo ordenamento da sociedade, que posteriormente irá ser deslocado para o restante do mundo (mesmo sem que grande parte dos países periféricos não tenha conseguido produzir essa dinâmica, eles irão copiar ou transladar uma espécie de simulacro do ordenamento existente na Europa e nos Estados Unidos), em suma, o dos “selvagens” não é de forma alguma poupado pela chamada evolução social.
A cultura é um processo acumulativo. O homem recebe conhecimentos e experiências acumulados ao longo das gerações que o antecederam e, se estas informações forem adequada e criativamente manipuladas, permitirão inovações e invenções. Assim, estas não são o resultado da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma comunidade. Roger Keesing, antropólogo, em seu artigo "Theories of Culture" (1974), define cultura de acordo com duas correntes: As teorias que consideram a cultura como um sistema adaptativo: culturas são padrões de comportamento socialmente transmitidos que servem para adaptar as comunidades humanas ao seu modo de vida (tecnologias, modo de organização econômica, padrões de agrupamento social, organização política, crenças, práticas religiosas, etc.). As teorias idealistas da cultura são divididas em três abordagens: a primeira considera cultura como sistema cognitivo: cultura é um sistema de conhecimento, "consiste de tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro da sociedade"; a segunda abordagem considera cultura como sistemas estruturais: define cultura como "um sistema simbólico que é a criação acumulativa da mente humana (o seu trabalho consiste em descobrir na estrutura dos domínios culturais – mito, arte, parentesco e linguagem – os princípios da mente que geram essas elaborações culturais); a terceira abordagem considera cultura como sistemas simbólicos: cultura é um sistema de símbolos e significados partilhados pelos membros dessa cultura que compreende regras sobre relações e modos de comportamento.
A cultura é uma lente através da qual o homem vê o mundo - pessoas de culturas diferentes usam lentes diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural (isso é denominado etnocentrismo ), depreciando o comportamento daqueles que agem fora dos padrões de sua comunidade – discriminando o comportamento desviante. Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes, práticas de outros sistemas culturais são vistas como absurdas.
Embora nenhum indivíduo conheça totalmente o seu sistema cultural, é necessário que o indivíduo tenha um mínimo de conhecimento da sua cultura para conviver com os outros membros da sociedade. Nenhum indivíduo é perfeitamente socializado. São estes espaços que permitem a mudança. Qualquer sistema cultural está num contínuo processo de mudança. Existem dois tipos de mudança cultural: interna, resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Esta mudança é lenta; porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma grande inovação tecnológica. A mudança externa é resultado do contato de um sistema cultural com outro. Esta mudança é mais rápida e brusca.
O tempo é um elemento importante na análise de uma cultura. Assim, da mesma forma que é importante para a humanidade a compreensão das diferenças entre os povos de culturas diferentes, é necessário entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema.
O relativismo cultural está baseado no conceito de que todos os sistemas culturais são essencialmente iguais em relação ao seu valor, e as diferenças entre as diversas sociedades surgiram como resultado de suas próprias condições históricas, sociais e / geográficas. Esta postura choca-se diretamente com a corrente evolucionista, vigente até essa época, que definiam as ditas diferencias como o resultado de um conjunto de idênticos níveis evolutivos progressivos que cada uma das culturas atravessa a medida que se desenvolve.
Durante o primeiro terço do século XX, observa Laplantine na sua obra Aprender Antropologia, ocorrera uma revolução considerável na Antropologia: é o fim da dicotomia entre o observador (viajante, missionário, administrador) e o pesquisador erudito. “O pesquisador compreende a partir desse momento que ele deve deixar seu gabinete de trabalho para ir compartilhar a intimidade dos que devem ser considerados não mais como informadores a serem questionados, e sim como hospedes que o recebem e mestres que o ensinam”

Notas
Há uma certa ambiguidade no uso do termo antropologia cultural, a saber: nos Estados Unidos é mais usada a designação Antropologia Cultural, enquanto que na Grã-Bretanha o termo antropologia social designa ou a etnologia, ou a antropologia cultural. Nos países europeus – por exemplo, na França – observa-se uma tendência para o uso dos três termos que representam os níveis de pesquisa que, gradualmente, vêm estabelecendo nos Estados Unidos dentro da Antropologia Cultural: etnografia, etnologia comparada, antropologia social. Os autores nacionais fazem uso de ambas as designações.
Philippe Laburthe-Tolra e Jean Pierre Warnier explicam os motives das diferenças na terminologia e no uso delas: “Por oposição à antropologia americana definida e considerada uma antropologia cultural herdeira de Herder e de Tylor, a antropologia definiu-se na Grã-Bretanha por referência a Morgan e Durkheim, isto é, uma antropologia social. À medida que não existe civilização que não seja a de uma dada sociedade que não seja portadora de uma civilização, os adjetivos ‘cultural’ e ‘social’ que qualificam, respectivamente, a antropologia americana e britânica não indicam uma diferença de ênfase, ou, antes, de opção quanto à forma escolhida para abordar os fatos socioculturais.” (LABURTHE-TOLRA, P., WARNIER, J.-P., Etnologia-Antropologia. Petrópolis: Vozes, 1997, p.68.)
LARAIA, Roque de Barros. Cultura – um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. p.10.
É surpreendente que várias culturas não tenham uma palavra específica para a idéia de cultura. E isto não significa que essas culturas não tivessem desenvolvido formas ‘avançadas’ de consciência de si enquanto sociedades organizadas. Os gregos, por exemplo, tinha a MÁTHÊMA, a idéia de ‘algo abstrato’ que se opõe à idéia de concretude da ‘Natureza’ ou PHISIS (o reino da pura necessidade). Palavra Latina CULTÛRA - que significa ‘lavoura, cultivo dos campos’ e, ao mesmo tempo, ‘instrução, conhecimentos adquiridos’ - vai surgir nos primeiros séculos do milênio em Roma, mas não será utilizada para definir os traços distintivos dos diferentes povos do Império. A primeira vez que o termo ‘cultura’ aparece como um conceito de cunho antropológico é na Alemanha, em 1793, no verbete Kultur do Dicionário Adelung : “A cultura é o aperfeiçoamento do espírito humano de um povo.” Assim, haveriam diferentes níveis de ‘aperfeiçoamento espiritual’ entre as etnias e subentende-se que cada povo teria um determinado grau de desenvolvimento nesta escala. Desde o início a noção de cultura foi etnocêntrica porque desqualificava as sociedades ‘primitivas’ e tradicionais frente a sua própria e suposta superioridade cultural (na verdade: superioridade militar, tecnológica e científica). A partir da Revolução Francesa, com o aparecimento da CIVILIS ou do ideal de cidadania, o termo ‘cultura’ será freqüentemente associado à idéia de um sistema de atitudes, crenças e valores de uma sociedade e oposto à noção de ‘civilização’, geralmente visto como seu complemento material. Por volta de 1850, o termo ‘cultura’ passou a ser utilizado para distinguir a espécie humana dos outros animais. Desde então, a noção de cultura passaria por diversas transformações e metamorfoses. Entretanto, não existe um consenso, na antropologia moderna, sobre o conceito de cultura.
“Cultura é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade.” (Edward Tylor)
Em sua raiz etimológica (antropos, homem; logos, ciência) significa a ciência do homem, ou seja, a ciência de a evolução da Humanidade e dos grupos humanos. A antropologia não é apenas o estudo de tudo o que compõe uma sociedade. Ela é o estudo de todas as sociedades humanas (a nossa inclusive), ou seja, das culturas humanas como um todo em suas diversidades históricas e geográficas. É uma ciência descritiva quando estuda os desenvolvimentos comuns do homem e as características dos diversos grupos; é comparativa e sistemática quando trata de explicar e reduzir a processos e leis a dinâmica de tais desenvolvimentos e diferenças, e de classificar os grupos segundo a dinâmica natural de sua diversificação histórica; é ciência aplicada quando estuda as possibilidades de controle das mudanças dos grupos humanos e sua organização. Ou seja, a Antropologia é uma abordagem integrativa que objetive levar em consideração as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade, isto é como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e “Arqueologia” (descobrir, pesquisar e reconstruir, pelos restos, culturas e civilizações desaparecidas. Subdivide-se entre pré-histórica e clássica, a primeira se refere às civilizações que não possuíam escrita, e a segunda, auxilia a história baseada em documentos escritos). Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas.
Qualquer que seja a definição adotada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos. Por exemplo, para o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1970:377) a etnografia corresponde “aos primeiros estágios da pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo”. A etnologia, com relação à etnografia, seria “um primeiro passo em direção à síntese” e a antropologia “uma segunda e última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia e da etnologia”.
O etnocentrismo é um comportamento universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade. A reação oposta ao etnocentrismo é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, num momento de crise os indivíduos abandonam a crença naquela cultura e perdem a motivação que os mantém unidos. Por exemplo, os africanos, quando foram trazidos como escravos para uma terra estranha, com costumes e línguas diferentes, perdiam a motivação de continuar vivos e muitos praticavam suicídio.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000. p.76



BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
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LINTON, Ralph. O Homem; uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MAUSS, Marcel. Antropologia. São Paulo: Ática.

Respeite os meus valores culturais

Ética - um conceito fundamental nos dias atuais

A Ética: é uma parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e de injusto, abrangido as normas morais e as normas jurídicas.
As normas morais surgem quando as questões éticas são colocadas pelos indivíduos ou grupos sociais e respondidas apenas por suas consciências (individual e coletiva). As normas da sociedade são os meios pelos quais os valores morais de uma sociedade são expressos e adquirem um caráter normativo, isto é, obrigatório. Normas, normativo, normal, moral e costumes são palavras que estão interligadas em torno da questão ética.
Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma norma prática. E, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.
O conceito ética, que vem do grego ethos, mas de um modo geral é comum usar o conceito de ética e moral como sinônimos ou, quando muito, a ética é definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou então os princípios que norteiam estas práticas.Quando se diferencia a ética da moral, geralmente visa-se distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e convenção social dos princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. Assim, o conceito de ética é usado aqui para se referir à teoria sobre a prática moral. Ética seria então uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral dimensão prática.
Não é raro na história o surgimento de filósofos ou profetas que propõem um sistema ético criticando a moral vigente e propondo uma revolução nos valores e normas estabelecidas da sociedade.
Nós somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas morais para possibilitar a convivência social, porque somos seres não determinados pela natureza ou pelo destino/Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos a diferença entre o ser e o dever-se e a vontade de construir um futuro diferente e melhor do que o presente. Para esta construção não bastam boas intenções, mas também um controle sobre os efeitos não intencionais das nossas ações e o conhecimento de que o questionamento moral pressupõe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da coletividade.
A consciência ética que surge desse conjunto é diferente de uma simples assimilação de valores e normas morais vigentes na sociedade. Ela surge com a "desconfiança" de que os valores morais da sociedade – ou os meus – encobrem algum interesse particular não confessável ou inconsciente que rompe com as próprias causas geradoras da moral. Ou então surge da desconfiança de que interesses imediatos e menores são colocados acima dos objetivos maiores, os interesses particulares acima do bem da coletividade, ou que é negada aos seres humanos a sua liberdade e a sua dignidade em nome de valores petrificados ou de pseudoteorias.
Ética é para nós uma dimensão que nos permite o questionamento sobre as práticas, atitudes, regras e ações humanas. Para que este questionamento seja possível é necessário saber qual o critério que estamos usando para avaliar a ação humana. O critério que assumimos é a própria vida humana. Partimos do princípio de que as sociedades existem para garantir a sobrevivência dos seres humanos e, mais do que isso, uma existência digna com acesso a tudo que seja necessário ao seu pleno desenvolvimento.
A função social da moral é exatamente contribuir na obtenção desse objetivo, normalizando as relações entre os seres humanos entre si, com a comunidade e com a natureza. Sendo assim, a vida deve ser o critério para avaliar as atitudes da sociedade e dos indivíduos. Além desse critério devemos considerar que a ética exige mudanças de atitudes. Hoje mais do que nunca a humanidade se dá conta de que vivemos em um mundo globalizado, onde as ações de um repercutem diretamente na vida dos outros. Esta constatação é mais visível quando pensamos nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra, que são todos problemas onde as repostas individuais ou grupais não conseguem resposta construída com a participação de todos os grupos envolvidos. O que exige a construção de uma ética com princípios e valores aceitos por todos e válidos para todos, apesar de todas as diferenças.Igualmente distante do individualismo e do essencialismo está a ética da responsabilidade. Nessa perspectiva cada grupo social determina consensualmente os padrões de conduta que devem ser seguidos pelos indivíduos desse grupo. Estes padrões, porém, não devem ser vistos como universais e imutáveis, mas sim relativos a cada situação determinada e sempre sujeitos a mudanças, caso a comunidade as julgue necessárias.